O Parlamento Europeu em Estrasburgo aprovou nesta quarta-feira (12/07) um projeto de lei para recuperação de ecossistemas da União Europeia (UE) deteriorados por séculos de exploração tanto em áreas terrestres quanto no fundo do mar. O texto é considerado um elemento-chave do Pacto Verde europeu, que visa tornar o bloco neutro em carbono em 2050, mas vinha sendo combatido por agricultores e negacionistas climáticos de direita e extrema direita.
A votação do projeto de restauração da biodiversidade na UE reuniu 336 votos a favor, 300 contra e 13 abstenções. De acordo com estudos recentes, 70% do solo da UE e 80% de seus habitats naturais são considerados em más condições. As medidas adotadas obrigam os agricultores a transformar 10% de áreas cultiváveis em espaços de “alta diversidade” e exige que os Estados-membros interrompam o declínio dos insetos polinizadores.
A nova lei provocou acirrados debates. Alguns eurodeputados contestavam as propostas por considerar que elas seriam prejudiciais à indústria, além de ameaçar a produção agrícola, colocando em risco a segurança alimentar. Porém, a Comissão Europeia e cientistas rejeitaram essas alegações.
A partir de agora, os eurodeputados irão negociar o texto final, a fim de chegar a um acordo antes das eleições para o Parlamento Europeu, que acontecem em 2024.
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Votação do projeto de restauração da biodiversidade na UE reuniu 336 votos a favor, 300 contra e 13 abstenções
Muitos ativistas se reuniram em Estrasburgo, diante da sede do Parlamento, para pressionar os deputados durante a votação. Entre eles estava Greta Thunberg, que lidera movimentos de jovens em favor do combate às consequências do aquecimento global.
A imprensa francesa destacou nas edições de hoje os detalhes do projeto, apresentado há um ano. Além de ONGs e cientistas, os setores da energia eólica e solar, além de grandes empresas – como Nestlé, Ikea, Unilever, Coca-Cola, Danone, entre outras – apoiam a nova legislação. Preservar dunas no litoral e criar novos espaços exclusivos de vegetação são essenciais na luta contra a crise climática.
“Fake news”
Os argumentos dos opositores de direita e extrema direita eram contestados pela Comissão Europeia, que denunciou as “fake news” veiculadas pelos detratores do projeto. As bancadas de esquerda e de centro manobraram para aprovar o texto.
Para alcançar a neutralidade climática em 2050, a UE fixou o objetivo de reduzir 55% de suas emissões de CO2 até 2030, em relação aos níveis de 1990, o que especialistas consideram difícil de ser concretizado.
O Tribunal de Contas Europeu alertou recentemente que seriam necessários € 1 trilhão de investimentos por ano para alcançar esse objetivo, principalmente no setor privado.
Para o período de 2021 a 2027, a UE consagrou € 87 bilhões em média ao Pacto Verde europeu, o que ainda é uma gota no oceano das necessidades da transição climática.