Um informe apresentado nesta quinta-feira (07/09) pelo Serviço Nacional de Meteorologia e Hidrologia do Peru (Senamhi) indicou um dado alarmante a respeito dos efeitos da mudança climática na região de Puno, onde se encontra o Lago Titicaca, conhecido mundialmente como o lago navegável mais acima do nível do mar, em localizado em meio à Cordilheira dos Andes.
Segundo o relatório, o Titicaca registrou uma diminuição da altura das águas em 54 centímetros, como resultado da falta de chuvas no Sul do país que tem produzido um agravamento do déficit hídrico não só no Peru como também no Oeste da Bolívia e no Norte do Chile.
Os especialistas peruanos afirmam que os dados observados neste estudo mais recentes permitem dizer que a seca vivida na região de Puno é a pior dos últimos 60 anos.
Em entrevista ao diário La República, o diretor-geral do Senamhi, Sixto Flores, afirmou que “o caso mais grave já registrado foi em 1943, quando o Titicaca perdeu 75 centímetros de altura. Se a falta de chuvas se mantiver nos próximos meses, esse cenário poderia se repetir”.
O especialista também destacou que o fenômeno El Niño, que costuma ser o principal causador de problemas como esse, se tornou mais agressivo este ano devido aos efeitos das mudanças climáticas no planeta.
Agência Andina
Titicaca registrou uma diminuição da altura das águas em 54 centímetros, como resultado da falta de chuvas no Sul do Peru
Consequências econômicas
A diminuição do volume de águas no Titicaca tem produzido consequências preocupantes para a vida e a economia da população de Puno, já que a maioria das pessoas vive da agricultura e do turismo, duas atividades que vem sendo bastante prejudicadas pela crise hídrica na zona.
Na província de San Román, próxima à cidade de Puno, a produção de quinoa, principal alimento cultivado na zona não chegou sequer às 100 toneladas durante este ano.
Os agricultores locais costumam produzir anualmente entre 380 e 400 toneladas de quinoa, por isso, já consideram esta uma das piores safras da história, já que será impossível atingir a meta nos últimos quatro meses do ano, ainda mais com a continuidade da seca.
Segundo Juan Ocola, líder da Comunidade Autônoma do Lago Titicaca, mais de 85 mil hectares de cultivo foram prejudicadas pela falta de chuvas. “Se não há água, não tem como haver produção, e não há apoio das autoridades para buscar uma alternativa a esta situação”, lamentou.
O turismo é outra atividade que vem sendo bastante prejudicada, já que a falta de águas afeta a paisagem da região, o que gera uma diminuição do fluxo de visitantes, e também a navegação do lago, tornando cada vez mais comuns cenários onde os barcos que oferecem passeios pelo lago aparecem encalhados devido ao recuo das águas.
Com informações de La República e Agência Andina.