Xangai registrou, nesta segunda-feira (29/05), a temperatura mais elevada em um mês de maio em mais de um século, anunciou o serviço meteorológico da cidade do leste da China. A alta anterior foi quebrada com um grau completo, de 35,7°C para 36,7°.
“Às 13h09, a temperatura na estação de Xujiahui atingiu 36,1 graus Celsius (97 graus Fahrenheit), quebrando um recorde de 100 anos de temperatura mais alta em maio”, informou um post na conta oficial do serviço Weibo, referindo-se a uma estação de metrô no centro da maior cidade da China. A temperatura na movimentada estação subiu ainda mais para 36,7°C (98F) no final da tarde, disse o serviço meteorológico.
Isso colocou o termômetro um grau acima do recorde, 35,7C, que havia sido registrado quatro vezes anteriormente, em 1876, 1903, 1915 e 2018, de acordo com o serviço.
Os moradores de Xangai suavam sob o sol do início da tarde, com alguns aplicativos mostrando uma estimativa de temperatura de mais de 40°C (104F).
“Quase tive uma insolação, a temperatura parece prestes a explodir”, dizia um post na rede social Weibo.
Um homem que se apresentou como Wu disse à AFP: “É um problema ambiental, o mundo vai ficar cada vez mais quente. Tenho a sensação de que os verões estão ficando cada vez mais quentes a cada ano. Estou ligando o ar condicionado mais cedo do que antes.”
Calor mortal
Outros países asiáticos já experimentaram ondas de calor mortais que registraram recordes este ano.
Partes da Índia tiveram temperaturas acima de 44°C (111F) em meados de abril, com pelo menos 11 mortes perto de Mumbai atribuídas à insolação em um único dia.
Em Bangladesh, Dhaka sofreu seu dia mais quente em quase 60 anos.
A cidade de Tak, na Tailândia, registrou temperatura recorde de 45,4°C (114F). Já a província de Sainyabuli, no Laos, atingiu 42,9°C (109F), um recorde nacional de temperatura de todos os tempos, disse o estudo do grupo World Weather Attribution.
Flickr/Almir de Freitas
Outros países asiáticos já experimentaram ondas de calor mortais que registraram recordes este ano
Em meados de maio, a ONU advertiu que o período 2023-2027 será, quase certamente, o mais quente já registrado na Terra, sob o efeito combinado dos gases de efeito estufa e do fenômeno climático 'El Niño', que elevam as temperaturas.
As temperaturas globais devem ultrapassar, em breve, a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris sobre o Clima, alertou a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
Os cientistas dizem que o aquecimento global está potencializando os extremos climáticos, com muitos países enfrentando ondas de calor mortais e temperaturas atingindo recordes no sudeste e no sul da Ásia nas últimas semanas.
Um relatório recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas alertou que “cada incremento do aquecimento global intensificará riscos múltiplos e simultâneos”.
Há uma chance de 60% de que pelo menos uma vez nos próximos cinco anos as temperaturas globais excedam a meta mais ambiciosa estabelecida nos acordos de Paris para limitar a mudança climática, disse a Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU.
Pelo Acordo de Paris de 2015, os países signatários concordaram em limitar o aquecimento global a “bem abaixo” de dois graus Celsius acima dos níveis médios medidos entre 1850 e 1900 – e 1,5°C, se possível.
A temperatura média global em 2022 foi 1,15°C acima da média de 1850-1900.
“Só as autoridades terão capacidade para fazer mudanças. Porque o que podemos fazer como indivíduos é muito limitado”, disse Jenny, moradora de Xangai, à AFP na segunda-feira.