O vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, concluiu sua recente viagem à América Latina com uma mensagem de apoio ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista à agência italiana ANSA, o político socialista holandês, que também lidera a Comissão de Ação Climática do bloco europeu, disse que a entidade deveria “construir uma aliança com o presidente Lula para salvar a Amazônia e interromper de uma vez por todas o desmatamento”.
“Se continuarmos nesse ritmo, chegará o momento – não muito distante – em que a Amazônia começará a se transformar em uma savana. Precisamos fazer de tudo para evitá-lo e colaborar, de modo mais intenso, com os países interessados: está em jogo o pulmão do planeta”, reforçou o vice-presidente europeu.
Neste mês de janeiro, Timmermans visitou três países da América Latina. O Brasil foi seu primeiro destino: ele chegou a Brasília no dia 23 e foi recebido no Palácio Itamaraty pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que havia assumido o país temporariamente, enquanto Lula participava da Cúpula da Comunidade dos Estados Latino Americanos e Caribenhos (CELAC), em Buenos Aires.
O representante europeu também se mostrou otimista com a mudança de rumos no Brasil, e também com os planos do novo governo para o meio ambiente. “Depois do governo Bolsonaro, a situação é extremamente complicada (…) mas o empenho do presidente Lula para colocar fim à destruição da floresta e oferecer oportunidades melhores às pessoas tem uma importância política enorme”, acrescentou.
Cadu Gomes / Palácio do Planalto
Timmermans se reuniu em Brasília com Geraldo Alckmin para conversar sobre os esforços para a preservação da Amazônia
“Penso que Lula merece todo o nosso apoio neste esforço e uma cooperação mais estreita”, disse Timmermans, ao destacar que o Brasil pretende liderar uma iniciativa junto a outras nações amazônicas, como Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, além da França, em nome da Guiana Francesa.
“A União Europeia deve se aliar aos países latino-americanos nas iniciativas sobre o desmatamento e para salvaguardar a biodiversidade”, afirmou.
Depois de deixar o Brasil, Timmermans visitou a Colômbia e o México. Segundo ele, “as crises da biodiversidade e das mudanças climáticas estão profundamente ligadas e, se há um lugar onde isso se vê com clareza, é aqui mesmo (…) este é o momento de aproximar a União Europeia e a América Latina”.
Ademais, Timmermans disse estar a favor de agregar ao tratado comercial Mercosul-União Europeia um compromisso sobre o meio ambiente. “Isso ajudará a remover os temores persistentes do lado europeu de que o acordo possa aumentar o desmatamento. Pelo contrário, a intenção é combatê-lo”, comentou.