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Hoje na História

Hoje na História: 1943 - Milhares de corpos de soldados poloneses são encontrados na floresta de Katyn

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Episódio marcaria início de troca de acusações entre nazistas e o governo de Stalin

Max Altman

2022-04-13T16:26:00.000Z

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No dia 13 de abril de 1943, uma rádio alemã anuncia a descoberta de um cemitério clandestino na floresta de Katyn, perto de Smolensk, entre a Polônia e a Bielorússia. Lá repousavam os restos mortais de mais de quatro mil oficiais poloneses supostamente executados por tropas soviéticas durante a ocupação da parte oriental do país, entre 1939 e 1940. Durante várias décadas, a União Soviética acusaria os nazistas de terem praticado o massacre.

A maioria dos jovens oficiais poloneses estava trajando uniforme e fora abatida com balas na nuca. As descobertas se multiplicariam nos primeiros dias de abril daquele ano. O governo de Stalin negou imediatamente a responsabilidade sobre o ocorrido, lembrando que Goebbels declarara que, em 1940, os judeus da URSS haviam executado milhares de oficiais poloneses.

Dois dias depois, o chefe do governo polonês no exílio, general Wladislaw Sikorski, confirma publicamente a afirmação de Goebbels sem revelar qualquer indício. Sikorski pede já no dia seguinte uma investigação pela Cruz Vermelha Internacional. Stalin, irritado, rompe relações diplomáticas em 23 de abril. Churchill, que precisava de Stalin para combater Hitler, trata de se desfazer desse problema. Felizmente para o primeiro-ministro britânico, o intransigente Sikorski morre num acidente de avião em Gibraltar, em 4 de julho daquele mesmo ano.


A fim de debilitar o governo polonês, Stalin cria em 31 de dezembro um Comitê de Libertação Nacional composto, em sua maioria, por comunistas poloneses, que mais tarde seria conhecido como Comitê de Lublin. Esse grupo aceita sem hesitar a versão soviética sobre os massacres de Katyn.

Wikimedia Commons
Durante várias décadas, a União Soviética acusaria os nazistas de terem praticado o massacre

Em maio de 1943, uma comissão da Cruz Vermelha conduz uma investigação “in loco” com a ajuda diligente dos alemães. Chega à conclusão irrefutável que os massacres foram cometidos em abril e maio de 1940, no momento em que os soviéticos ocupavam a região. Preocupada em não alimentar a propaganda nazista, a Cruz Vermelha guardou segredo sobre o relatório.

Viria à tona posteriormente que, a partir de março de 1940, homens da NKVD, polícia política soviética, haviam recebido do Politburo ordem de executar os poloneses considerados colaboradores do nazismo como meio de reforçar a segurança na fronteira ocidental da União Soviética.

Desta forma, milhares de oficiais extraídos do campo de prisioneiros de Kozielsk foram executados em Katyn. Calcula-se em 22 mil o número de militares sumariamente executados em várias etapas na zona ocupada pelos soviéticos.

Durante vários decênios, os soviéticos e o governo comunista de Varsóvia iriam tentar, contra ventos e marés, apagar a lembrança de Katyn, chegando a erigir como símbolo da barbárie nazista, um lugarejo homônimo arrasado pelos nazistas.

Teve de se esperar o fim da Guerra Fria e o ano de 1990 para que Mikhaïl Gorbachev reconhecesse, afinal, a responsabilidade dos soviéticos. Em 26 de outubro de 2010, a Duma, câmara baixa do parlamento russo, aprovou por 342 votos a 108, a resolução de que as provas documentais mostram que Stalin ordenou diretamente o massacre.

O Partido Comunista da Federação Russa se opôs fortemente à resolução, pois não admitia o envolvimento da polícia secreta soviética no massacre, continuando a sustentar a tese de que os alemães, que invadiram a região em 1941, tinham sido os responsáveis pelo crime. Os defensores da versão soviética argumentam que os documentos apresentados na década de 1990 eram falsos e foram fabricados por forças hostis à URSS para desacreditar o regime soviético. Há, em favor dessa versão, o parecer de um perito criminal que demonstra a utilização de duas máquinas de escrever diferentes na confecção do ofício 794/b, de março de 1940, no qual consta a decisão do Politburo pela execução dos poloneses.

Também nesse dia:
1964 - Sidney Poitier é o primeiro ator negro a ganhar o Oscar de Melhor Ator
1695 - Morre o autor de fábulas La Fontaine
1919 - Explode o massacre de Amristar contra o colonialismo britânico na Índia
1975 - Eclode a Guerra Civil no Líbano

 (*) A série Hoje na História foi concebida e escrita pelo advogado e jornalista Max Altman, falecido em 2016.

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Meio Ambiente

Onda mais longa de calor intensifica seca na França; 100 municípios estão sem água

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Nova onda de calor se aproxima da França e os meteorologistas se perguntam se não seria uma continuidade do evento extremo de calor registrado no país desde 31 de julho

Maria Paula Carvalho

RFI RFI

Paris (França)
2022-08-09T19:10:00.000Z

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A medida em que uma nova onda de calor se aproxima da França, e os termômetros permanecem altos em algumas regiões do país, os meteorologistas se perguntam se não seria uma continuidade do evento extremo de calor registrado no país desde o dia 31 de julho. Falta d’água encanada em uma centena de municípios, lavouras destruídas por falta de irrigação, biodiversidade em perigo: a seca histórica que atinge o país exige adaptações e respostas rápidas do poder público.

A Météo-France destaca que uma queda nas temperaturas, no fim de semana, em três quartos do país trouxe um certo alívio, mas as previsões continuam sendo de temperaturas elevadas para a semana que se inicia. Os recordes de seca se sucedem, preocupando as autoridades e a população.

Temperaturas máximas entre 32°C e 36°C

Depois de um arrefecimento das temperaturas em algumas regiões do país, acompanhado de tempestades no último fim de semana, a Météo-France prevê que os termômetros voltarão a subir no país. Condição que só agrava a seca já enfrentada em muitas regiões.

As chuvas do fim de semana não foram suficientes para compensar o déficit histórico de pluviosidade em todo o país em julho, o segundo mês mais seco do ano desde março de 1961. O déficit pluviométrico é de cerca de 84% em relação ao normal para o período 1991-2020.

Recordes diários

"Em nível nacional, desde 17 de julho, a França bate um novo recorde de seca do solo todos os dias (em um histórico que começou em agosto de 1958)", observa Météo-France. Na Córsega, este recorde diário vem sendo batido todos os dias desde o início de julho, e desde meados de maio na região PACA (Provença-Alpes-Costa Azul).

"Esta situação constitui um grande acontecimento comparável às secas de 1976 ou 2003", destaca Jean-Michel Soubeyroux, climatologista da Météo-France. "Até meados de agosto, é muito provável que essa situação de solo seco piore ainda mais em um grande número de regiões", alerta.

Setores essenciais já são duramente atingidos, como a agricultura e a pecuária, seja pela dificuldade no plantio do milho destinado à ração animal, que consome muita água, ou pela falta de pastagens para o gado.

Falta d’água em 100 municípios

A falta de chuvas levou a uma situação extrema de abastecimento. "Mais de uma centena de municípios na França não tem mais água potável", alertou, na sexta-feira (5), o ministro francês da Transição Ecológica, Christophe Béchu. O político falou em seca "histórica" na França e em outros países europeus.

“Temos mais de uma centena de municípios hoje que não tem água potável. A estratégia é intensificar algumas restrições para evitar chegar à situação em que percebemos o déficit hídrico que se prolonga, e para sermos capazes de antecipar. Porque, se você deverá fornecer água, não adianta se preocupar com isso na manhã em que já não há mais água nos canos”, afirmou.

"Existem sistemas de cultivo que são mais resilientes devido às mudanças climáticas, mas acreditar que não haverá necessidade de água seria um erro bastante trágico", reforçou, por sua vez, Marc Fesneau, ministro da Agricultura, destacando a necessidade de adaptação dos produtores rurais. "Imagine a situação em que estaríamos hoje se não existissem vários sistemas de retenção de água criados há 40, 50 ou 60 anos", disse ele, antes de visitar uma barragem em Sainte-Croix du Verdon, na região PACA.

Wikimedia Commons
Incêndio em Laroque-de-Fa, comuna francesa na região administrativa de Occitânia

"O risco seria nós dizermos que isso não é grave, que podemos continuar como antes e não reexaminar nossas práticas, e que basta encontrar métodos alternativos para não ficar sem água. Isso seria mentir para as pessoas", analisou Fesneau.

A falta d’água também repercute no campo político. A União de esquerda Nupes acusa o governo centrista de não ter reagido rapidamente. “Nada foi antecipado”, escreveu Julien Bayou, deputado do partido Europa Ecologia os Verdes, em sua conta no Twitter.

A esquerda reclama de restrições injustas de uso da água e questiona a irrigação de campos de golfe, por exemplo, prática considerada essencial para o setor e vista como desperdício por outros.  

A questão da partilha dos usos da água agita a classe política. A deputada da França Insubmissa (LFI esquerda radical) Mathilde Panot reivindicou, também no Twitter, um direito à água “consagrado na Constituição”: “a água deve primeiro dar vida e não lucros!”.

Comitê de crise

O governo francês criou um comitê interministerial de crise para analisar cada situação em particular e para traçar um plano de abastecimento de água nas regiões onde for preciso. A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, ativou essa unidade interministerial na sexta-feira (5), diante da "situação histórica pela qual muitos territórios estão passando", anunciou o Palácio do Matignon, sede do governo.

No total, 93 departamentos de 96 estão sujeitos a restrições de água em graus variados no país e 62, ou dois terços, estão "em crise". Neste nível máximo de alerta, é proibido regar gramados, lavar de veículos ou a irrigar as, bem como encher reservatórios.

“Nos cerca de cem municípios com escassez de água potável na França, o abastecimento é feito com caminhões-pipa (...) já que não há mais nada nas tubulações", explicou o ministro Christophe Béchu, durante uma viagem ao sudeste do país para verificar a situação da seca.

Fogo

Com a secura, os incêndios se propagam pela França. Ao todo, 47.361 hectares arderam desde janeiro, contra 43.602 em 2019. Os dados do Sistema Europeu de Informações sobre Incêndios Florestais foram divulgados na quinta-feira (4).

Sendo a vegetação seca um combustível fácil, o risco de incêndios só aumenta com a continuação do calor.

No domingo, mais de 300 hectares queimaram no Finistère, na região da Bretanha, onde o vento nordeste ajudou a propagar o fogo. Bombeiros de outros departamentos foram enviados como reforço e muitos agricultores também dão apoio à operações de combate às chamas.

Geralmente raros na Bretanha, os incêndios já destruíram, em julho, mais de 1.700 hectares de florestas.

Europa enfrenta seca

Como a França, muitos países europeus são afetados por essa onda de calor e seca. A escassez de água afeta atualmente 11% da população da UE e 17% do seu território, mas a situação é mais preocupante no Mediterrâneo, onde cerca de 50% da população vive sob constante estresse hídrico durante o inverno.

As secas intensas e a falta d’água provavelmente se tornarão mais frequentes e mais graves no futuro, alertou a Comissão Europeia, recomendando que os Estados-Membros aprendam a reutilizar águas residuais tratadas.

De acordo com os cientistas, a multiplicação das ondas de calor é uma consequência direta da crise climática. As emissões de gases de efeito estufa aumentam a intensidade, a duração e a frequência de eventos extremos.  

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