Aprofundar espaços políticos e coordenar forças para seguir lutando. Essa é a defesa das mulheres que vieram ao 26º encontro do Foro de São Paulo representar as delegações latino-americanas.
No segundo dia do evento nesta sexta-feira (30/06), uma das mesas do dia foi o encontro de mulheres que debateram dois pontos: o enfrentamento à violência de gênero e a participação feminina na política.
Para a mexicana Citlalli Hernández, secretária geral do Movimento Regeneração Nacional (MORENA), a articulação é um espaço “necessário” para que as distintas forças políticas da esquerda latino-americana possam se reunir e trocar iniciativas.
A Opera Mundi, Hernández disse que, desde o surgimento do Foro de São Paulo, na década de 90, os encontros da articulação é um lugar de “solidariedade e colaboração entre o campo progressista”, principalmente, para ela, neste momento em que há uma “ameaça neofascista”.
“O Foro de São Paulo também serve como um espaço para vermos que não estamos sozinhos”, afirmou ela.
E esse espaço também é sentido quando o assunto é das mulheres: “para falar de questões políticas e apontar as contradições que há na esquerda em relação às questões de gênero”, disse.
Segundo Hernández, nas reuniões com outras companheiras da América Latina são compartilhado os intercâmbios dos avanços que estão sendo realizados nos países da região: “temos grandes lutas para combater a visão patriarcal e do machismo”.
Nesse sentido de espaço de compartilhamento que o documento final da mesa com as representantes latino-americanas aponta a necessidade do retorno de uma comissão de mulheres no Foro de São Paulo. Isso por que, segundo as elas, são as mulheres “dignas herdeiras” daqueles que “tanto fizeram para a construção de uma região “livre, soberana e com respeito a autodeterminação dos povos”.
Fernanda Forgerini
No 26º encontro do FSP, mesa de mulheres debateu o enfrentamento à violência de gênero e participação feminina na política
Além disso, a declaração critica as ações da extrema direita em “utilizar e distorcer” temas considerados importantes para as mulheres, como os direitos sexuais e reprodutivos, para “promover políticas de destruição”. “É necessário assumir o compromisso de fortalecer a produção de conhecimento livre, descolonizado e comprometido com a emancipação dos povos”, diz o documento.
O documento final será atualizado e articulado para que todas as mulheres presentes concordem com as diretrizes expostas.
Internacional feminista: uma luta transversal
Além de representar o MORENA no Foro de São Paulo, Hernández também participa pela partido da Internacional Feminista. Opera Mundi noticiou quando líderes políticas e progressistas de 25 países criaram o grupo que atua como um espaço de promoção de lutas coordenadas, a fim da ruptura da sociedade capitalista e patriarcal.
À reportagem, Hernández disse que, atualmente, há mais mulheres no poder na América Latina e no mundo. E que o grupo foi pensada para dividir agendas política e internacional e uma maneira de dizer “que estamos aqui”.
“O foco da Internacional Feminista é nos encontrarmos para realizarmos uma agenda política e internacional. Além de ser uma maneira de dizermos que aqui estamos, pois todas enfrentamos violências. Se não há um avanço da luta feminista, as transformações no mundo serão incompletas”, afirmou.
A causa feminista para ela não é “isolada” das mudanças políticas que a região necessita, mas sim uma “luta transversal”.
Nesse sentido, Hernández comentou a expectativa da eleições presidenciais no México em 2024. O partido de Andrés Manuel López Obrador terá uma consulta popular para definir o sucessor de AMLO, como é conhecido o mandatário.
Para Hernández, as mulheres na política mexicana estão avançando, comentando da vitória de Delfina Gómez como governadora do Estado do México. “Ela ganhou no principal estado do país, que praticamente foi governado por 100 anos pelo mesmo partido corrupto e autoritário (Partido Revolucionário Institucional, o PRI). […] A expectativa de um perfil distinto dos que já governaram é muito positiva, pois poderá mostrar como se pode governar com o coração e a mente com convicções de transformações”, disse.