Um naufrágio em uma embarcação de imigrantes africanos que tentavam chegar à ilha de Lampedusa, no extremo sul da Itália, em meio do Mar Mediterrâneo, terminou com quase cem mortos e centenas de desaparecidos, informou nesta quinta-feira (03/10) a guarda costeira local.
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O número de mortos varia de acordo com as agências de notícias internacionais. Segundo a France Presse, 92 pessoas morreram. A Efe menciona 93 mortos, a Associated Press registrou 78 e a Reuters fala em 82. Cerca de 250 estão desaparecidas. A embarcação contava com cerca de 500 imigrantes. Entre os mortos estão quatro crianças.
Agência Efe
Corpos de imigrantes vítimas do naufrágio são cobertos em Lampedusa, sul da Itália
Os passageiros realizavam uma travessia marítima para tentar conseguir asilo na Itália ou partirem para outros pontos da Europa em busca de trabalho e melhores condições de vida. A maioria dos navegantes é compostas por pessoas de origem somali ou eritreia.
Entre os sobreviventes, as forças da ordem prenderam uma pessoa. Acredita-se que ele seja o traficante responsável pelo transporte ilegal.
A prefeita de Lampedusa, Giusy Nicolini, disse que as autoridades não sabem o que fazer “nem com os mortos nem com os vivos”. Ainda estão em curso os trabalhos de retirada das vítimas.
“Trata-se de uma tragédia imensa”, acrescentou Giusi, que explicou que os sobreviventes relataram que estavam há várias horas em alto-mar e que não conseguiram pedir ajuda, por isso decidiram acender uma chama para serem localizados.
A embarcação pegou fogo logo depois e muitos imigrantes tiveram que se lançar ao mar e, por fim, o barco virou, acrescentou a prefeita.
“É um horror. Não param de chegar barcos cheios de corpos. É impressionante”, acrescentou a prefeita entre lágrimas enquanto falava por telefone com algumas emissoras de televisão.
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O responsável da Agência de Saúde de Palermo, Antonio Candela, que coordena as operações de assistência aos imigrantes resgatados, informou que foram recuperadas 150 pessoas, entre elas dezenas de crianças, algumas com poucos meses de idade, e mulheres grávidas.
Candela explicou que as condições dos sobreviventes eram boas e que, apesar de alguns terem apresentado sintomas de hipotermia, ninguém precisou ser hospitalizado.
Repercussão
No Vaticano, o papa Francisco afirmou na quinta-feira (03/10) que “só me vem a palavra vergonha, é uma vergonha” para se referir ao naufrágio.
“Falando de crise, falando da desumana crise econômica mundial, que é um sintoma grave da falta de respeito pelo homem, não posso deixar de lembrar com grande dor as várias vítimas do enésimo trágico naufrágio ocorrido hoje perto de Lampedusa”, acrescentou.
O Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), António Guterres, expressou “consternação” diante da tragédia da notícia do acidente.
“Felicito pela rápida ação tomada à guarda litorânea italiana para salvar vidas. Ao mesmo tempo, estou consternado pelo fenômeno mundial crescente de emigrantes e pessoas que fogem de conflitos ou perseguições e que morrem no mar”, declarou Guterres em comunicado.
(*) com agências de notícias internacionais