O presidente François Hollande disse neste sábado (19/10) que a imigrante cigana de origem kosovar deportada no início do mês pode voltar à França para continuar seus estudos, mas negou a permissão a seus familiares. Apesar do anuncio, o líder francês reiterou que a expulsão da jovem do país foi legal.
O caso gerou muita revolta e polêmica no país na última semana.
Agência Efe (18/10)
Centenas de estudantes protestaram contra deportação de estudante e política de imigração do governo por dois dias consecutivos
Leonarda Dibrani, de apenas 15 anos, estava terminando uma viagem escolar quando foi presa pela polícia na frente de seus colegas de classe. Depois, ela foi deportada de volta para Kosovo, sua cidade-natal, pelas autoridades francesas porque a solicitação de asilo da sua família havia sido negada.
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Sua história foi divulgada nesta semana por uma ONG francesa que luta contra a deportação de crianças e adolescentes em idade escolar e revoltou muitos franceses. Esse tipo de deportação ocorre frequentemente na França, mas grupos de direitos humanos dizem que a polícia foi longe demais ao humilhar publicamente a jovem.
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Em sua solidariedade e contra a política de imigração do governo, centenas de estudantes ergueram barricadas em frente a escolas e marcharam por Paris em dois dias consecutivos, na última quinta (17/10) e sexta-feira (18/10).
Divulgação/ Al Jazeera
Leonarda Dibrani na casa onde está em Motrovica, no Kosovo. Ela quer voltar à França para ir à escola, mas apenas junto de sua família
“Se ela entrar com uma solicitação, por conta das circunstancias e por querer continuar seus estudos na França, uma licença será concedida a ela”, declarou Hollande em um breve discurso transmitido em cadeia nacional. “Mas, somente a ela”, enfatizou o presidente que negou estender o visto a seus pais e cinco irmãos.
Hollande ainda anunciou que dará uma ordem a todas as autoridades francesas para não permitir mais a detenção de alunos durante o horário escolar. Assim como o Ministério do Interior, responsável pelos assuntos de imigração, o presidente criticou a condução dada pela polícia ao caso.
Hollande: “temos de ser firmes”
O presidente negou, no entanto, que o governo tenha cometido algum erro com a deportação de Dibrani e garantiu que “nenhuma lei foi rompida”. “Todos os recursos foram esgotados”, disse ele citando a investigação conduzida pelo governo francês sobre o caso da família Dibrani, divulgada poucas horas antes de seu discurso.
“A lei deve ser aplicada e temos que acelerar os processos para não prolongar casos como esse, mantendo uma polícia clara de imigração”, respondeu ele aos protestos e criticas, incluindo de membros de seu partido. “Considero legítima a emoção da juventude, mas a França é um país de direitos e liberdades … devemos ser firmes porque isso é necessário para vivermos juntos”, acrescentou.
Dibrani nega convite
“Não esperava isso do presidente Hollande, ele não compreendeu nenhum pouco da minha situação”, respondeu a estudante poucas horas depois. “Eu não sou um animal e não irei à França sem a minha família”, acrescentou ela. Dibrine ainda questionou se o presidente não tem ele próprio uma família e “piedade”. A estudante também afirmou que os protestos devem continuar.
“Suplico ao presidente que nos acolha todos na França, que é o país onde queremos viver”, afirmou seu pai. “Não vamos deixar de lutar e voltaremos, de maneira legal ou não”, acrescentou ele.
Em outros pronunciamentos, a jovem já havia deixado claro que deseja continuar vivendo na França.