"Estes salários são uma vergonha se comparados com o que outras pessoas recebem enquanto não fazem nada pelo país", comentou o taxista em uma referência às elites portuguesas.
A ideia de uma remuneração mínima para garantir condições dignas de vida remonta a 1894, na Nova Zelândia, e hoje é aplicada por dezenas de países em todo o mundo.
O aumento do salário mínimo em Portugal foi decidido por governo, empresários e o segundo maior sindicato do país com a intenção de estimular o consumo e avançar rumo à recuperação econômica.
No entanto, essa elevação vem sendo alvo de polêmicas. A imprensa portuguesa lembrou recentemente que, com mais 20 euros por mês, pouco se pode fazer em um país onde a cesta básica tem um custo similar à da vizinha Espanha, onde os salários são em média entre 20% e 25% maiores, e a gasolina é uma das mais caras da Europa.
No entanto, em Portugal, em linhas gerais são mais baratos o lazer - especialmente comer fora de casa - e o preço das moradias em comparação com outros países de seu entorno.
Por sua vez, alguns empresários lembram que o custo por trabalhador é muito superior ao salário pago, devido à contribuição à Seguridade Social (a taxa é de 23,75% por empregado).
"Eu acho que o aumento do salário mínimo está bom, mas para os patrões não são apenas os 505 euros", comentou João Pereira, proprietário de um pequeno bar na capital portuguesa.
Para compensar o aumento do salário mínimo, o governo português concedeu um desconto na contribuição para a Seguridade Social paga pelas empresas.
O acordo alcançado para melhorar o salário mínimo inclui um compromisso de que o mesmo não será atualizado até o fim de 2015 e, segundo o ministro de Solidariedade, Emprego e Seguridade Social, Pedro Mota Soares, a partir de então deverá estar diretamente vinculado "à produtividade do país".
Além disso, economistas portugueses lembram que este último aumento sequer compensa a inflação acumulada, desde que o salário foi congelado em 2011, e garantem que o atual poder de compra do mínimo é inferior ao que desfrutavam aqueles que o recebiam em 1974, o ano do fim da ditadura em Portugal.