As manifestações promovidas pelo movimento espanhol 15-M (ou 15 de Maio) já não estão mais restritas ao continente europeu. De sexta-feira até domingo (22/05), centenas de protestos ao redor do mundo pretendem chamar a atenção para as causas anteriormente reivindicadas com mais vigor na Praça da Porta do Sol, famoso cartão postal da capital espanhola, Madri.
Uma página na internet, divulgada pelo movimento, traz um mapa com os locais onde as manifestações deverão ocorrer neste fim de semana. E o Brasil deverá participar com dois protestos no fim de semana.
O primeiro deverá acontecer no próximo sábado (21/05), às 13h (horário de Brasília). A concentração será feita em frente ao Consulado espanhol em São Paulo. A descrição do evento na capital paulista conclama ao apoio das manifestações europeias. Frases como “Vamos nos fazer ouvir e apoiar todos os que estão acampados por toda a Europa” e “Indigne-se e venha!” convocam ao protesto na nota. Nesta sexta-feira, cerca de 30 espanhóis já compareceram ao protesto e contaram com o apoio de jovens brasileiros.
Outra manifestação está agendada para o próximo domingo (22/05) e será realizada na capital gaúcha, Porto Alegre, também às 13h na frente do Consulado espanhol da cidade.
Início
Os protestos começaram no último dia 15 de maio, quando milhares de estudantes, empregados e cidadãos, em geral, foram às ruas de ao menos 50 cidades espanholas. Nos protestos, organizados pelo grupo Democracia Real Ya!, os manifestantes afirmavam que o movimento não estava ligado a nenhum partido ou sindicato.
Efe
Manifestantes ocupam Praça do Sol, em Madri.
Quem protesta se diz contrário às reformas “anti-sociais” do governo, que afirmam estar “nas mãos dos banqueiros”. Dessa forma, os membros do grupo Democracia Real Ya! exigem “uma mudança de rumo e um futuro digno”, além de medidas contra a “corrupção dos políticos, empresários e banqueiros”.
Após a primeira onda de protestos, o grupo informou que as manifestações iriam continuar durante todas as tardes, até o próximo domingo (22/05). Neste dia serão realizadas as eleições municipais e regionais em que, segundo as últimas pesquisas, o conservador PP (Partido Popular) deverá sair vitorioso sobre o governista PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol).
Mobilização mundial
Os movimentos, que foram iniciados e incentivados nas redes sociais na internet, usam agora a mesma estratégia para aumentar o alcance da iniciativa. Segundo o grupo informa, 385 manifestações deverão acontecer até domingo, por todo o mundo.
As datas e locais dos protestos são informados em uma página da internet, divulgada pelo próprio grupo. Mensagens de apoio e incentivo às manifestações também são expressas nas descrições dos eventos.
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A maior parte está marcada para países de origem hispânica, além do continente europeu. No entanto, o grupo marca presença também com protestos agendados para os Estados Unidos, Japão, Índia, China, Austrália e Nova Zelândia, entre outros.
“Como sou o único espanhol que vive na Sibéria, me autoconvoco diante do parlamento local em Omsk para exigir ‘Democracia Real Ya’”, afirma um manifestante na página. O site traz ainda uma mensagem que chama a atenção para que a “Revolução Espanhola” seja transformada em “Revolução Mundial”.
Propostas
As principais propostas do grupo que organiza as manifestações são a “eliminação dos privilégios da classe política, a diminuição do desemprego, o direito à moradia, serviços públicos de qualidade, controle das entidades bancárias, fiscalização, liberdade para os cidadãos, além de democracia participativa e redução do gasto militar”.
“Exigimos democracia real já! Não somos mercadoria nas mãos de políticos e banqueiros. Acusamos os poderes políticos e econômicos pela nossa precária situação e exigimos uma mudança de rumo”, indica o perfil do grupo no Facebook.
José Luis Rodríguez Zapatero, chefe do Executivo, afirmou nesta sexta-feira que compreende os motivos dos protestos. Pediu, entretanto, que os manifestantes respeitem a jornada de reflexão do sábado, pois “as coisas mudam com o voto”. O pedido se deve ao receio de que os jovens eleitores boicotem as votações do próximo domingo.
Antes de ganhar notoriedade e se espalhar pelo mundo, as manifestações tiveram lugar também em Portugal. O FMI (Fundo Monetário Internacional) foi o principal alvo dos protestos dos portugueses. Juntamente com a União Europeia, o órgão financeiro propôs um pacote de resgate a Portugal, em crise financeira, com juros entre 4,25% e 5,25%. A proposta, no entanto, ainda não foi aprovada.
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