Com muito pouco você
apoia a mídia independente
Opera Mundi
Opera Mundi APOIE
  • Política e Economia
  • Coronavírus
  • Diplomacia
  • Cultura
  • Análise
  • Opinião
  • Podcasts
Política e Economia

Citada na CNV, dona da Mercedes é questionada por acionistas sobre elo com ditadura brasileira; empresa nega

Encaminhar Enviar por e-mail

Marca da alemã Daimler é acusada de ter financiado a Oban; empresa diz não ter sido comunicada e afirmou que conduz investigação própria sobre o caso

Patrícia Dichtchekenian

2015-04-01T20:13:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

No dia em que o golpe civil-militar brasileiro completa 51 anos, a multinacional automobilística alemã Daimler S.A., fabricante da Mercedes-Benz, foi questionada nesta quarta-feira (01/04) pela Associação de Acionistas Críticos a respeito de seu envolvimento com a ditadura brasileira (1964-1985). As perguntas direcionadas à empresa repercutem o relatório final da CNV (Comissão Nacional da Verdade), que cita a firma como uma das financiadoras da Oban (Opreação Bandeirante), o órgão que, de 1969 até meados dos anos 1970, era o braço militar da repressão política e, anos mais tarde, daria origem ao DOI-Codi, principal centro de tortura e morte do regime. A empresa nega envolvimento com a ditadura.

Leia também:
Um mês após derrubar Jango, empresários golpistas formaram nova diretoria na Fiesp
CNV: Sistema da Volkswagen para vigiar funcionários na ditadura foi criado por criminoso nazista

"O Conselho Diretor da Daimler falhou ao não investigar e esclarecer de imediato esses eventos [envolvimento com a ditadura brasileira]. A Daimler deve encarar e reconhecer sua responsabilidade histórica", dizia a moção movida pelos Acionistas Críticos, grupo sem fins lucrativos que possui ações em mais de 25 das maiores empresas da Alemanha.

A Mercedes-Benz é citada em duas passagens no volume II do relatório final da CNV, documento entregue à presidente Dilma Rousseff no mês de dezembro:

Outro caso de graves violações de direitos humanos aconteceu com Lúcio Bellentani, na Volkswagen de São Bernardo do Campo, em 1972.53 Segundo seu depoimento, ele “estava trabalhando e chegaram dois indivíduos com metralhadora, encostaram nas minhas costas, já me algemaram. Na hora em que cheguei à sala de segurança da Volkswagen já começou a tortura, já comecei a apanhar ali, comecei a levar tapa, soco”. Foram presos no mesmo episódio mais de 20 metalúrgicos, a maioria da Volkswagen e o restante da Mercedes, da Perkins e da Metal Leve. (p. 70)

Ao lado dos banqueiros, diversas multinacionais financiaram a formação da Oban, como os grupos Ultra, Ford, General Motors, Camargo Corrêa, Objetivo e Folha. Também colaboraram multinacionais como a Nestlé, General Eletric, Mercedes Benz, Siemens e Light.  (p. 320)

Reprodução/AcionistasCríticos

Evento aconteceu na capital da Alemanha, Berlim, embora sede da empresa seja em Stuttgart

Antes da reunião desta quarta, a empresa já havia respondido textualmente aos questionamentos, negando envolvimento com a ditadura e afirmando não ter sido comunicada das acusações pela CNV brasileira.

Estamos acompanhando o trabalho da comissão e começamos nossa própria investigação há algum tempo. Nossos pesquisadores ainda não revelaram quaisquer indicações de apoio da empresa ao regime militar brasileiro. Não encontramos evidências para as acusações de que a Mercedes-Benz teria financiado a Oban. Também não encontramos tais evidências no relatório da CNV. Respeitar e proteger os direitos humanos são de princípios de muita importância para a Daimler. Certamente estamos dispostos a dar apoio às autoridades brasileiras para o esclarecimento dos fatos.

Na reunião anual de hoje, em Berlim, com a presença de mais de 3 mil acionistas da empresa, a Daimler reiterou verbalmente sua posição, o que não foi suficiente para os Acionistas Críticos.

"Como a maior parte dos documentos e arquivos no Brasil não existe mais, a Daimler deveria primeiro contatar, conversar e escutar as testemunhas e vítimas, para primeiramente recuperar a memória", sugeriu Christan Russau, membro da diretoria dos Acionistas Críticos. “Em um segundo passo, a Daimler deverá assumir responsabilidade frente às vitimas, os parentes deles e à sociedade brasileira”, completa.

Russau relatou também que o CEO da Daimler, Dieter Zetsche, afirmou que a Daimler chegou a procurar ex-funcionários alemães da época para perguntar sobre se havia notícias da colaboração da filial brasileira com o regime militar — todos disseram que não sabiam de nada.

Pressionado novamente, Zetsche afirmou que está nos planos da Daimler colher depoimentos de ex-funcionários brasileiros. O executivo, entretanto, não especificou quem seria responsável pelo trabalho de investigação e resgate da memória. Os Acionistas Críticos sugeriram que a empresa indicasse para o trabalho Valter Sanches, brasileiro, sindicalista e membro do Conselho de Administração da Daimler. Ainda não houve resposta da diretoria.

Reprodução/ AcionistasCríticos

Diretor executivo da Daimler, Dieter Zetsche, falou hoje na reunião anual da companhia em Berlim

Papel de outras empresas alemãs na ditadura 

Uma das principais concorrentes da Daimler no mercado automobilístico é a Volkswagen, que também já foi questionada pelos Acionistas Críticos durante reunião de prestação de contas da companhia em Hannover, em maio de 2014.

Na ocasião, a Volkswagen respondeu que esclareceria sua relação com a ditadura brasileira caso a Comissão Nacional da Verdade revelasse provas de que houve violação dos direitos humanos por parte da empresa no período em que os militares comandavam o Brasil.

No último mês, a Volkswagen fez parte de uma audiência pública para esclarecer a colaboração do empresariado paulista na repressão aos trabalhadores durante o período militar. A sessão no auditório da Assembleia Legislativa de São Paulo teve a presença de ex-funcionários da montadora que relataram experiências de repressão dentro da fábrica.

“A Volkswagen veio com estrutura fantástica à sessão. Mas acho que eles saíram muito mal na foto. Não responderam às perguntas, tinham uma tremenda de uma blindagem. O depoimento em si foi muito fraco e vazio, querendo proteger acima de tudo a imagem da empresa”, relatou a Opera Mundi Adriano Diogo, deputado estadual e presidente da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo "Rubens Paiva". "Lá, os alemães estão abrindo tudo e analisando todos os arquivos com vínculos ao nazismo. Aqui, a Volkswagen diz que é tudo mentira”, completou Diogo.

Além da Daimler e da Volkswagen, outra empresa alemã questionada pelos acionistas foi a multinacional Siemens. “O Conselho de Supervisão da Siemens se negou a investigar e esclarecer estes incidentes, nem mesmo tendo em vista o contexto do aniversário de 50 anos do golpe militar no Brasil. A Siemens deve encarar sua responsabilidade histórica e admitir os atos que cometeu”, assinala o documento entregue pela associação e lido diante dos demais acionistas e diretores da multinacional na reunião anual da firma, em 27 de janeiro de 2015.

Reprodução

Durante Passeata dos Cem Mil organizada contra a ditadura, em junho de 1968, manifestantes tombam Kombi no centro do Rio

Só o seu apoio pode garantir uma imprensa independente, capaz de combater o reacionarismo político, cultural e econômico estimulado pela grande mídia. Quando construímos uma mídia alternativa forte, abrimos caminhos para um mundo mais igualitário e um país mais democrático. A partir de R$ 20 reais por mês, você pode nos ajudar a fazer mais e melhor o nosso trabalho em várias plataformas: site, redes sociais, vídeos, podcast. Entre nessa batalha por informações verdadeiras e que ajudem a mudar o mundo. Apoie Opera Mundi.

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Eleições 2021 no Peru

Eleição no Peru: Com mais de 90% apurados, Castillo lidera, seguido por Keiko Fujimori; siga

Encaminhar Enviar por e-mail

Números indicam realização de segundo turno nas eleições presidenciais, que acontecerá em junho; possível adversário de Castillo ainda está indefinido

Redação Opera Mundi

São Paulo (Brasil)
2021-04-13T22:26:00.000Z

Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

A apuração das eleições presidenciais do Peru ultrapassou a marca dos 91% na manhã desta terça-feira (13/04). O candidato do partido Peru Livre, Pedro Castillo, segue liderando a disputa com 19,07% dos votos. 

Os números indicam a realização de um segundo turno nas eleições presidenciais, que acontecerá em junho. Entretanto, a segunda vaga continua indefinida. Com 92,72% das atas computadas, a filha do ex-ditador Alberto Fujimori, Keiko Fujimori, do partido ultradireitista Força Popular, está na segunda posição com 13,37%.

Segundo Piero Corvetto Saniles, presidente da ONPE, a eleição deste domingo contou com 73,89% de participação. O voto no país é obrigatório.



No domingo (11/04), uma pesquisa boca de urna divulgada pelo instituto Ipsos Perú indicava a liderança de Castillo e o segundo lugar com Keiko Fujimori.

A apuração poderá levar semanas para ser concluída. O presidente do Júri Eleitoral Nacional (JNE) do Peru, Jorge Luis Salas, afirmou à TV Perú que uma projeção realizada pelo órgão indica que a confirmação de quais candidatos estarão no segundo turno das eleições poderá ser publicada somente na primeira semana de maio.

Reprodução
Castillo, 51 anos, é professor do ensino básico do país e lidera resultados

Quem é Pedro Castillo

Após a divulgação dos primeiros números, Castillo agradeceu aos peruanos e, em especial, aos professores. O candidato pelo Peru Livre é docente do ensino básico do país. "O povo se identifica com alguém que nasceu na mesma cidade e estou muito comprometido. Se o povo hoje foi às urnas para refletir isso democraticamente, e se o resultado foi diferente, também devemos aprender com isso. Ninguém nasce com o rótulo de político, líder ou autoridade, mas o caminho se faz ao andar e estou imensamente grato ao meu povo", disse.

Professor do ensino básico, com 51 anos de idade, o presidenciável teve reconhecimento nacional em 2017, quando liderou uma greve de profissionais da educação peruana. Quando jovem, o Castillo fazia parte de rondas campesinas, formas de organizações para combater os crimes que ocorriam nas zonas rurais do Peru, o que, ainda hoje, representa em suas caminhadas ao usar chapéu característico aos integrantes das rondas. 

Em sua campanha eleitoral, o candidato falou em uma participação popular e no chamamento para uma Constituinte no Peru. Pesquisas anteriores ao pleito deste domingo indicavam que a sigla Peru Livre de Castillo angariariam cerca de 6% na intenção de votos.

O partido Peru Livre é uma sigla que se define como "marxista-leninista-mariateguista". O partido propõe reformas como a destituição do Tribunal Constitucional do país, por considerar que o órgão é uma força aliada às elites do país. Peru Livre também defende uma reforma "total" em relação à política fiscal e tributária peruana e propõe a "nacionalização dos recursos estratégicos" da nação.

A entidade "condena" ingerências "imperialistas e neocoloniais", censurando "abertamente" o Grupo de Lima, organização fundada em 2017 por iniciativa do governo peruano sob a justificativa de "denunciar a ruptura da ordem democrática na Venezuela". O Grupo de Lima é formado por 13 países.

Dia de votação

O presidente do JNE do Peru disse que o processo de votação ocorreu de forma tranquila, sem nenhum registro de atos de violência ou manifestações. O Gabinete Nacional de Processos Eleitorais declarou que 99,96% das mesas de votação foram instaladas em todo o país.

As urnas peruanas foram abertas das 7h às 19h, horário local. O voto é obrigatório e seu não cumprimento pode gerar uma multa de cerca de R$300.

Só o seu apoio pode garantir uma imprensa independente, capaz de combater o reacionarismo político, cultural e econômico estimulado pela grande mídia. Quando construímos uma mídia alternativa forte, abrimos caminhos para um mundo mais igualitário e um país mais democrático. A partir de R$ 20 reais por mês, você pode nos ajudar a fazer mais e melhor o nosso trabalho em várias plataformas: site, redes sociais, vídeos, podcast. Entre nessa batalha por informações verdadeiras e que ajudem a mudar o mundo. Apoie Opera Mundi.

Faça uma
assinatura mensal
Faça uma
assinatura anual
Faça uma
contribuição única

Opera Mundi foi criado em 2008. É mais de uma década de cobertura do cenário político internacional, numa perspectiva brasileira e única. Só o apoio dos internautas nos permite sobreviver e expandir o projeto. Obrigado.

Eu apoio Opera Mundi
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!
Opera Mundi

Rua Rui Barbosa, 381 - Sala 31
São Paulo - SP
CNPJ: 07.041.081.0001-17
Telefone: (11) 3012-2408

  • Contato
  • Política e Economia
  • Coronavírus
  • Diplomacia
  • Cultura
  • Análise
  • Opinião
  • Expediente
Siga-nos
  • YouTube
  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram
  • Google News
  • RSS
Blogs
  • Breno Altman
  • Agora
  • Bidê
  • Blog do Piva
  • Quebrando Muros
Receba nossas publicações
Receba nossas notícias e novidades em primeira mão!

© 2018 ArpaDesign | Todos os direitos reservados