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Política e Economia

Breno Altman: Política dos EUA na questão palestina mantém “apartheid sionista” de Israel

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Em entrevista, diretor editorial de Opera Mundi fala sobre mal-estar do governo diante da possível nomeação de Dani Dayan para o cargo de embaixador de Israel em Brasília

Sputnik

2015-09-23T11:00:00.000Z

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No último domingo (20/09), a Presidenta Dilma Rousseff notificou o governo de Israel sobre seu mal-estar em relação à possível nomeação de Dani Dayan como novo embaixador em Brasília. O designado vive num assentamento judaico na Cisjordânia, território que o Brasil reconhece como palestino, e foi dirigente da principal organização dos colonos israelenses.

Neste sentido, a nomeação de Dayan foi criticada por mais de 40 organizações brasileiras, além de deputados e setores moderados da sociedade israelense, pela forte resistência que o ex-dirigente dos colonos traria para a questão da criação do Estado Palestino, bandeira abertamente apoiada pelo Brasil.

Agência Efe

Dani Dayan, ao centro: Brasília não recebeu 'agrément'

Breno Altman, jornalista e diretor editorial do site Opera Mundi, falou com exclusividade à Sputnik sobre o episódio, a posição do governo brasileiro diante da questão palestina e a influência do lobby sionista de Israel na política externa norte-americana.

A seguir, a entrevista na íntegra.

Sputnik: Por que esse mal-estar do governo brasileiro em relação à possível nomeação de Dani Dayan, e qual será o impacto disso nas relações entre Brasil e Israel?
Breno Altman: São dois os motivos do mal-estar. O primeiro, de mérito: ao indicar um conhecido líder dos territórios ocupados para uma posição na diplomacia de Israel — ainda mais num país cujo governo tem posições claramente favoráveis ao Estado da Palestina, e que, portanto, luta contra a ocupação desses territórios —, há aí uma ação de provocação com o governo brasileiro. Ou seja, é evidentemente uma ação de conflito com as posições conhecidas do Brasil nesse tema.

Há também um problema de forma: o governo de Israel, ao invés de fazer tramitar pelos canais diplomáticos a indicação do embaixador, para que então pudesse ser decidida a concessão da carta diplomática pela Presidente Dilma Rousseff, o governo de Israel primeiro plantou a informação, transformou num fato público, sem ter tido sequer o cuidado de indicar formalmente Dani Dayan para a posição de embaixador, ou seja, de indicar através dos canais diplomáticos regulares, conforme determinam as convenções internacionais.

S: Qual é sua perspectiva para a eventual criação de fato do Estado palestino?     
BA: Isso é um processo longo, que no fundo tem que vencer a resistência de uma poderosa aliança entre Israel e o lobby sionista nos EUA. Israel, efetivamente, não deseja a criação do Estado palestino e busca prorrogar essa decisão o máximo possível.

Particularmente o governo atual da direita israelense, capitaneado por Benjamin Netanyahu, deseja uma solução política de anexação, ou seja, anexar os territórios ocupados, propondo soluções em relação ao Estado palestino que são falsas, que jamais poderiam ser aceitas pelos palestinos. Ele propõe, no fundo, que se continue o processo de colonização nos territórios ocupados; ele retira cada vez mais terras dos palestinos; ele impede o acesso dos palestinos a redes fluentes de transportes e comunicações; controla parte das importantíssimas fontes de água.
 


Na verdade, Israel deseja manter os palestinos e os territórios palestinos anexados formal ou informalmente à governança israelense. Então esse é um processo duro, complicado, no qual a comunidade internacional dá passos lentos. Alguns países já reconhecem o Estado palestino como uma instituição oficial no seio das Nações Unidas, outros se unem a políticas de boicote contra a importação de produtos fabricados nesses territórios ocupados, mas a gente ainda não vê um movimento de envergadura suficiente para dobrar a resistência do Estado de Israel e do seu principal aliado, que é o governo norte-americano. Nós não temos ainda, por exemplo, um movimento como foi o movimento contra o apartheid, na África do Sul, como existiu nos anos 1980 e 1990, e que obrigou efetivamente, isto é, ajudou a desmontar de fora para dentro (além da resistência que havia na própria África do Sul) o sistema do apartheid.

S: Quais são os cenários possíveis para essa situação depois das eleições presidenciais norte-americanas?
BA: O lobby sionista em Israel tem influência sobre os dois grandes partidos – tanto sobre os republicanos quanto sobre os democratas. Vários importantes grupos sionistas vinculados ao Estado de Israel são financiadores importantes das campanhas de ambos os partidos. Agora, efetivamente, haverá ali – na disputa literal, independente de quem sejam os candidatos democratas e republicanos –, um conflito sobre a política do Oriente Médio. Não haverá alterações radicais se vencer um ou outro, mas há, efetivamente, diferenças e graduações.

Se vencerem as pré-candidaturas principais do Partido Republicano, como Donald Trump e Jeb Bush, se eles vierem a ser candidatos e um dos dois eventualmente vier a ser eleito presidente dos EUA, a política de aliança em relação a Israel vai se intensificar. Provavelmente o acordo que foi estabelecido com o Irã acerca da agenda nuclear pode ser rompido, e o governo dos EUA vai reforçar seu apoio à política da ultradireita sionista. Se vence uma candidatura como a de Hillary Clinton — e mais ainda se houver uma grande surpresa entre os democratas com a vitória do candidato mais à esquerda deles, o Bernie Sanders —, o que vai acontecer é um distanciamento em relação à ultradireita israelense e, portanto, maiores possibilidades de um acordo que permita finalmente o surgimento de um Estado palestino independente e viável. A eleição norte-americana é um terreno de disputa fundamental para o futuro da questão palestina. Não porque haja, repito, diferenças radicais sobre o tema entre republicanos e democratas, mas porque a diferença de gradação na aproximação com Israel de um ou de outro terá consequências sobre a resolução da questão palestina.

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Eleições 2022 na Colômbia

Quem são os candidatos favoritos das eleições presidenciais da Colômbia?

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País vizinho vai às urnas neste domingo tendo chapa progressista de Gustavo Petro como favorita

Michele de Mello

Brasil de Fato Brasil de Fato

São Paulo (Brasil)
2022-05-27T12:30:10.000Z

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No próximo domingo (29/05), a Colômbia realiza eleições para eleger um novo presidente e seu vice, em meio a expectativas de mudanças após quatro anos de gestão do Centro Democrático, com Iván Duque, que deixa o cargo com 67% de reprovação. Cerca de 39 milhões de colombianos são convocados a participar do processo.

Restam seis candidaturas inscritas, após dois postulantes, Luis Pérez (Colômbia Pensa) e Ingrid Betancourt (Partido Verde Oxigênio), abandonarem a corrida eleitoral quando faltavam 15 dias para o pleito.

Foram habilitadas 27 missões de observação eleitoral, tanto de organismos regionais — a Organização dos Estados Americanos (OEA) e União Europeia — como de especialistas, entre eles a Transparência Eleitoral, o Conselho de Especialistas Eleitorais da América Latina (Ceela) e Associação de Órgãos Eleitorais Mundiais (A-WEB, na sigla em inglês). Estas seriam as eleições com a maior supervisão internacional da história do país, segundo o chefe do Registro Civil Nacional, Alexander Vega. 

O voto é impresso e facultativo. Caso nenhuma chapa obtenha mais de 50% da votação no dia 29 de maio, o 2º turno será realizado no dia 19 de junho e a posse está prevista para 7 de agosto. A legislação colombiana ainda determina que os segundos colocados terão uma vaga garantida no Senado e na Câmara de Representantes.

Um levantamento da empresa Atlas Intel, publicado no dia 20 de maio, aponta que para 66% dos colombianos o principal problema do país é a corrupção. Em segundo lugar estão a pobreza e a falta de oportunidades, elencados como flagelos para 12% dos entrevistados.

Para ocupar a presidência, de acordo com as últimas pesquisas de opinião, três coalizões estão na frente. Pelo campo progressista, Pacto Histórico, de Gustavo Petro e Francia Márquez, lidera com cerca de 40 a 41% das intenções de voto. Já pela direita, duas alianças disputam uma vaga num possível 2º turno: a Equipe pela Colômbia, com Federico Gutiérrez e Rodrigo Lara, que possuem em torno de 27 a 30% da preferência; seguidos da coalizão Liga de Governantes Anticorrupção, com Rodolfo Hernández e Marelen Castillo, com cerca de 20%.

Petro e Francia também aparecem como vencedores num eventual 2º turno com cerca de 45% das intenções de voto contra 41 e 42% dos oponentes de direita.

Pacto Histórico

A dupla favorita para vencer as eleições na Colômbia representa uma aliança de centro-esquerda, que aglutinou os maiores partidos de oposição (Colômbia Humana, Polo Democrático Alternativo, Partido do Trabalho, Partido Comunista, União Patriótica, Comunes) e movimentos populares colombianos. 

Petro é senador pelo Colômbia Humana, disputou as eleições presidenciais em 2018, ficando em segundo lugar, com 25% dos votos, 14 pontos percentuais atrás de Iván Duque.

Na chapa com Francia Márquez, advogada, líder comunitária e ex-representante do Conselho Nacional pela Paz, Petro propõe combater a fome, reativar as negociações de paz com setores insurgentes, investigar os casos de violência contra líderes sociais e camponeses, reconhecer o direito ao território dos povos indígenas e quilombolas, assim como diversificar a base econômica do país, com uma perspectiva de desenvolvimento sustentável.

No último final de semana, o Pacto Histórico realizou seu encerramento de campanha com um ato multitudinário na praça Bolívar, centro da capital Bogotá. "Este 29 de maio é o grito da liberdade da Colômbia. Sem medo, sem temor, com alegria e decisão, vamos escrever essa nova página da nação colombiana, Somos povo livre para construir a Colômbia que queremos", declarou Petro.

O Pacto Histórico também propõe a criação de uma comissão independente de investigação, em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU), para investigar a situação de violência e os casos de falsos positivos — civis mortos pelas forças de segurança do Estado que são acusados de fazer parte de movimentos insurgentes.

Somos millones los que tenemos el sueño de un país en paz, donde podamos vivir en dignidad y con garantía de derechos. Por eso nos hemos tomado de las manos, para empezar a escribir juntxs una nueva historia para Colombia este 29 de mayo.

¡Gracias, Bogotá!
¡Gracias, Colombia! pic.twitter.com/QnZHqJ2Z84

— Francia Márquez Mina (@FranciaMarquezM) May 23, 2022

Na última terça-feira (24/05), o Pacto Histórico publicou um chamado à comunidade internacional para proteger a apuração dos votos e destacam que somente os juízes eleitorais devem ser responsáveis pelo escrutínio da votação.

Francia Marquez/Twitter
Apesar das ameaças, Gustavo Petro e Francia Márquez se mantiveram na dianteira das pesquisas de opinião durante todo o processo eleitoral

"Há uma evidente intervenção político-eleitoral do presidente, seus ministros e do comandante do exército, alienação dos mecanismos de a controle, Procuradoria, Controladoria e Defensoria com o governo, exibindo a falta de garantias à oposição", denuncia a coalizão. 

Equipe pela Colômbia

A chapa liderada por Federico Gutierrez, ex-prefeito da cidade de Medellin, e Rodrigo Lara, ex-prefeito da cidade de Neiva, realizou sua última atividade de campanha na capital do estado Antioquia, no Parque del Río. Com a promessa de frear a ameaça do "populismo de esquerda", "Fico" Gutiérrez promete combater a desigualdade social criando empregos e aumentando o escoamento da produção no interior do país, através de ferrovias e hidrovias. 

"Aqui os únicos que não são bem vindos são os corruptos e violentos. Devemos entender que há 20 milhões de colombianos que passam fome, é urgente realizar várias mudanças, mas não podemos dar um salto ao vazio, como na Nicarágua e na Venezuela", disse Gutiérrez durante o ato final de campanha.

Gracias Medellín, gracias Colombia. Vamos a ganar la Presidencia!!!🇨🇴🇨🇴🇨🇴💪🏻💪🏻#FedericoEsColombia pic.twitter.com/5j3TpTENSR

— Fico Gutiérrez (@FicoGutierrez) May 22, 2022

Em contraposição à reforma da previdência, defendida por Iván Duque, Gutierrez promete aumentar o subsídio aos aposentados. De acordo com o levantamento da empresa Atlas Intel, a maior parte do eleitorado que apoia Gutierrez tem entre 45 e 65 anos.

Apesar de tentar se distanciar do chamado uribismo — corrente fundada pelo ex-presidente Álvaro Uribe Vélez, padrinho político do atual presidente —, a chapa de Gutierrez engloba a maior parte do setor tradicional da direita colombiana, com os partidos União pela Gente (PUG), partido Conservador Colombiano, partido Político Mira, os Movimentos, Avante Colômbia, País de Oportunidades e Acreditamos na Colômbia. 

O partido de Iván Duque, Centro Democrático, não entrou na formação da chapa, mas já declarou apoio a Gutiérrez depois que a candidatura de Óscar Iván Zuluaga não deslanchou. A pesquisa divulgada pela empresa Atlas também aponta que 37,9% dos colombianos se identifica como anti-uribista, 13,9% como uribista, enquanto 41,9% nem pró e nem contra o uribismo.

Desde 2002, com a primeira gestão de Uribe, até o momento atual, a Colômbia é governada por presidentes próximos ao uribismo. Ainda que Juan Manuel Santos tenha assinado os Acordos de Paz com as FARC-EP, em 2016, antes ele foi ministro de Defesa de Uribe. Já o atual mandatário, Iván Duque, é considerado seguidor político de Álvaro Uribe Vélez. 

A Justiça Especial para a Paz (JEP) afirma que há evidências de ao menos 6.400 casos de falsos positivos durante os primeiros seis anos da gestão de Uribe como presidente e de Santos como ministro de Defesa.

"O setor representado por Alvaro Uribe Vélez pode estar em decadência eleitoral, mas não está em decadência no seu papel ante a direita mundial, que vê na Colômbia a plataforma de controle hegemônico do poder político [na região]", defende a ex-prefeita de Apartadó e defensora de direitos humanos, Gloria Cuartas Montoya.

Entre as propostas centrais de Gutiérrez estão a luta contra a corrupção e a garantia de segurança no país.

Liga de Governantes Anticorrupção

Em terceiro lugar nas pesquisas e também no campo da direita, está o ex-prefeito da cidade de Bucaramanga, Rodolfo Hernández, e a bióloga Marelen Castillo. Com o lema "não roubar, não mentir, não trair", a dupla apoia sua campanha em cima do combate à corrupção, como o próprio nome da aliança sugere, e no fato de serem uma alternativa à "velha política". A chapa é apoiada pelo Movimento Cívico Lógica, Ética e Estética. 

Hernández é engenheiro civil e dono da HG Construtora. Com um forte discurso contra os movimentos insurgentes, Rodolfo Hernández assegura que teve familiares sequestrados no passado pela FARC-EP e o ELN.

Durante sua gestão como prefeito, foi suspenso por três meses após agredir um vereador da oposição. Apesar do histórico, 58% dos colombianos afirmaram ter uma avaliação positivo de Hernández, segundo pesquisa da empresa Atlas Intel.

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