Para o ministro Betzalel Smotrich, líder de um partido de extrema direita de Israel, a primeira coisa a fazer é enfrentar o “problema” do mundo acadêmico israelense, ou seja, as “células islâmicas radicais nas faculdades e universidades do país”, antes de liberar os fundos destinados aos estudantes. A decisão provocou protestos dentro do próprio governo israelense.
O ministro das Finanças de Israel estabeleceu como meta reduzir ao máximo o financiamento para a população palestina. A última medida tomada por Betzalel Smotrich, do partido de extrema direita Sionismo Religioso, é congelar um plano quinquenal de € 617 milhões para o desenvolvimento de Jerusalém Oriental por causa da inclusão de um programa preparatório para estudantes árabes na Universidade Hebraica de Jerusalém.
De acordo com os diretores dessa instituição, essa decisão equivale a enviar jovens palestinos diretamente para o crime e o terrorismo. Essa também é a opinião de Rami Tareef, curador do Museu de Israel.
“Acho que é revoltante e triste. Na minha opinião, os motivos para fazer isso não são legítimos. Cada shekel que investimos em cultura, arte ou educação tira as pessoas do mundo da violência e desse tipo de coisa. É realmente muito triste o que está acontecendo aqui”, disse ele.
Vários membros do governo de coalizão estão tentando fazer com que o ministro das Finanças mude de ideia. Smotrich, por sua vez, é inflexível: “Não me desculpo por promover meus valores”, ele proclama. “É por isso que fui eleito”, concluiu.
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Ministro das Finanças de Israel estabeleceu como meta reduzir ao máximo o financiamento para a população palestina
Críticas até dos aliados norte-americanos
Na segunda-feira (07/08), os Estados Unidos descreveram como “terrorista” o ataque de colonos israelenses que levou à morte de um palestino de 19 anos na sexta-feira (04/08), criticando a violência da extrema direita israelense.
O escritório do Departamento de Estado dos EUA no Oriente Médio já havia denunciado esse “ataque terrorista de um colono israelense extremista” em sua conta na rede social X (antigo Twitter) no sábado (05/08). Na segunda-feira, o porta-voz diplomático dos EUA disse que essa escolha de palavras não foi um erro. “Nosso raciocínio é que se trata de um ataque terrorista, estamos preocupados com ele, e é por isso que o chamamos assim”, disse Matthew Miller aos repórteres.
Ele pediu que “a justiça seja feita com o mesmo rigor em todos os casos de violência extremista, sejam quais forem os autores”. Miller saudou a prisão por Israel de dois suspeitos israelenses no caso.
Ataques de colonos israelenses
Qusai Jamal Maatan, de 19 anos, foi morto na sexta-feira (04/08) durante confrontos com colonos israelenses a leste de Ramallah, na Cisjordânia ocupada. De acordo com a mídia israelense, um dos dois suspeitos era ex-porta-voz de um membro do parlamento do partido de extrema direita de Itamar Ben Gvir, o atual ministro da Segurança Pública do governo de Benjamin Netanyahu.
Cerca de 3 milhões de palestinos vivem na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967. Cerca de 490 mil colonos judeus também vivem lá em assentamentos considerados ilegais pela ONU, de acordo com a lei internacional.
Na sexta-feira, antes do incidente, a ONU havia alertado sobre um aumento acentuado nos ataques de colonos contra palestinos ou suas propriedades na Cisjordânia, registrando cerca de 600 “incidentes” nos primeiros seis meses do ano.