O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, chegou ao Brasil hoje (20) para se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Salvador. O objetivo da visita é reforçar o apoio latino-americano à criação do Estado palestino, disse o chefe de negociação palestino, Saeb Erekat, recentemente.
O cientista político Ely Karmon, da Universidade de Haifa, em Israel, acredita que a crescente projeção internacional que o Brasil tem alcançado seja um dos motivos da visita.
“O presidente Lula tem se apresentado cada vez mais como um líder de projeção internacional e ele também tenta dar apoio à ideia de um Estado independente”, afirma Karmon, que é especialista no movimento fundamentalista palestino Hamas.
Abbas causou perplexidade, este mês, ao declarar que não pretende se recandidatar ao cargo de presidente da ANP. Ele é conhecido por ser a liderança mais carismática desde que Yasser Arafat ocupou o cargo, em 1996-2004. No entanto, enfrenta problemas graves de autoridade, desde o cisma entre os partidos palestinos Fatah (que Abbas lidera e governa a Cisjordânia) e Hamas (que governa a Faixa de Gaza), em julho de 2007.
Algumas fontes cogitaram que isso pode ser apenas uma manobra política para se livrar de pressões internas. Karmon acha que esta hipótese tem chances iguais de ser verdadeira ou falsa.
“É verdade e não é verdade, no sentido de que, talvez, no fim ele realmente fique preso nisso. Pode ser que ele acabe renunciando, mas também é claramente uma tática para tentar atacar a pressão sobre ele”, explica o cientista político. Para Karmon, é difícil pensar num nome que possa substituir Abbas.
Mas Karmon pondera que, por outro lado, Abbas também se preocupa sobretudo com o que acontece com o Hamas, que continua no poder em Gaza.
Em Salvador, Abbas foi recebido também pelo governador do estado, Jacques Wagner (PT), e deve encontrar-se com a comunidade palestina na Bahia.
Além de Erekat, a delegação palestina conta com o ministro de Assuntos Exteriores, Riad Maliki, e pelo secretário-geral da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), Yasser Abd Rabbo.
Shimon Peres
Na semana passada, Lula recebeu a visita do presidente de Israel, Shimon Peres. Na ocasião, o israelense convidou o presidente brasileiro a participar das negociações de paz no Oriente Médio, e confirmou a decisão de Israel de retomar as negociações com os palestinos, sob a fórmula “dois povos, dois Estados”.
“Venha, senhor presidente, e acenda a luz da paz no Oriente Médio”, disse Peres a Lula. O presidente respondeu que a região “pode contar com o Brasil para a construção de uma paz duradoura, cujas repercussões positivas beneficiarão toda a humanidade”.
Apesar da aparente vontade de ambos os lados de ter o Brasil como mediador, Karmon acredita que isso não será possível.
“O Brasil está longe demais, e eu não tenho tanta certeza se o país está tão envolvido na política do Oriente Médio para entendê-la”, diz o especialista.
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