No Brasil, uma das brechas entre brancos e negros é evidente no mercado de trabalho e na dificuldade de cursar o Ensino Superior, apesar das políticas afirmativas desenvolvidas nos últimos anos.
Dados estatísticos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o rendimento médio da população branca no Brasil é de 812 reais; e a dos negros é de 409 reais.
Não é apenas nos salários que a desigualdade está presente. Dados do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais, instituição ligada à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), 93,7% dos negros no Brasil ainda não têm acesso à educação superior, apesar de o número destes estudantes nos cursos de graduação tenha aumentado 415% nos últimos dez anos.
Para a socióloga e coordenadora do Grupo de Estudos Negros e Educação da Unesp de Marília, Maria Valéria Barbosa, a inclusão do negro tem sido possibilitada por três políticas afirmativas, como o ProUni (Programa Universidade para Todos), o Fies (Financiamento estudantil) e a reserva de cotas para estudantes nas universidades públicas do País.
“O racismo é um problema de brancos e negros e que está, infelizmente, enraizado na sociedade brasileira”, considera. É uma situação que só superaremos com a troca de valores, baseada na educação. Mesmo assim, os dados continuam a revelar que a realidade está longe de ser o ideal”, afirmou.
Segundo o MEC (Ministério da Educação), o ProUni foi responsável pelo aumento em 2009, em quase 50 mil o número de alunos negros nas universidades brasileiras. Há sete anos, havia 875.000 estudantes negros entre 3,5 milhões de alunos, hoje são 921.695. Apesar do números positivos, a baixa freqüência dos negros nas universidades brasileiras continua baixa: 80% dos universitários são brancos, somente 2,2% são negros.
Apesar de muitos defenderem essa política como forma de assegurar ao negro a sua participação na sociedade, estudiosos vêem nessa política o aumento da discriminação entre brancos e negros. Como o professor José Arthur Gianotti, da Faculdade de Filosofia da USP (Universidade de São Paulo). Ele acredita que o acesso dos estudantes ao ensino superior se dará de forma homogênea, se respeitado o espaço público. “Sou contra as cotas das universidades, acredito que a criação de um fundo possa trazer o estudante das classes mais baixas para dentro das instituições”.
“Nós não vamos transformar as universidades se não tivermos políticas capazes de colocar os desejos da sociedade em relação à universidade e vice-versa”, disse.
Já a especialista em direito, bioética e gestão de políticas públicas da Univali, Samantha Buglione, acredita que políticas que tem como objetivo promover a igualdade não são questionadas, mas sim “o mérito dos negros” e o fato de eles estarem, “audaciosamente, em lugares que”, segundo os preconceituosos, “não lhes compete, como as universidades”.
“Cotas, distribuição de renda e igualdade salarial não ofendem pela proposta, mas por promoverem o sustento de um estado democrático que é o igual reconhecimento de interesses. Algo que não se faz em discurso, mas em ações, e que tira muitos da zona de conforto”.
O Dia da Consciência Negra é comemorado em grande parte do país na data em que Zumbi dos Palmares foi morto no dia 20 de novembro de 1965.
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