O responsável pela disciplina de voto parlamentar dos deputados conservadores, Chris Pincher, renunciou nesta sexta-feira (01/07) ao cargo após acusações de abuso sexual contra dois homens. O caso aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que já enfrentava as consequências políticas de outros escândalos.
Na carta de renúncia, com data de quinta-feira (30/06), Pincher afirma que deixará o cargo. Ele diz ter bebido “demais” e “envergonhado ele mesmo e outras pessoas.” De acordo com a imprensa britânica, o deputado conservador, de 52 anos, foi acusado de apalpar dois homens, incluindo um deputado, em um clube privado do centro de Londres, o Carlton Club.
Pincher renunciou ao cargo de responsável pela disciplina do partido, mas continuará exercendo seu mandato de deputado, o que motivou pedidos de expulsão e a abertura de uma investigação interna.
Medidas firmes
Há pressão da oposição para que o governo tome medidas mais firmes. “Os ‘tories’ não devem ignorar uma possível agressão sexual”, tuitou Angela Rayner, a número dois do Partido Trabalhista, principal formação de oposição. “É fora de questão que os conservadores ignorem uma eventual agressão sexual”, escreveu.
The deputy chief whip’s actions are just further evidence that this is a govt mired in sleaze and scandal.
They’re far too busy firefighting to get on with the very real problems facing the country.
This is a govt totally unfit to govern. The public deserve better. pic.twitter.com/m9YFiKkSZF
— Ellie Reeves (@elliereeves) July 1, 2022
Este caso é o mais recente de uma série de escândalos similares no Partido Conservador nos últimos meses. Em maio, um deputado suspeito de estupro foi detido e depois libertado sob fiança.
Twitter/Chris Pincher
Pincher renunciou ao cargo de responsável pela disciplina do partido, mas continuará exercendo seu mandato de deputado
Em abril, outro deputado conservador renunciou depois que foi flagrado assistindo a um vídeo pornô em seu smartphone durante uma sessão do Parlamento. Outro ex-deputado foi condenado, em maio, a 18 meses de prisão por agredir sexualmente uma adolescente de 15 anos.
O governo de Boris Johnson também foi abalado pelo escândalo das festas celebradas em Downing Street, apesar das restrições determinadas pelo governo durante a pandemia de Covid-19. O caso fez com que o premiê, submetido ao voto de confiança no Parlamento há cerca de um mês, quase perdesse o cargo.
O novo escândalo complica a situação do premiê britânico, que retornou ao país após uma semana no exterior, onde esteve participando de três cúpulas internacionais. Ele deverá gerenciar, além do caso, a alta de preços e do custo que vida que vem ocorrendo desde o Brexit e piorou após a invasão da Rússia pela Ucrânia.