“A maior reunião dos últimos tempos entre países do Sul Global”. Essa foi a frase usada pelo diplomata sul-africano Anil Sooklal, embaixador do seu país junto ao Brics, para se referir à cúpula de chefes de Estado do bloco, que acontecerá entre os dias 22 e 24 de agosto, justamente na África do Sul, na cidade de Johanesburgo.
Durante uma palestra realizada nesta quarta-feira (02/08), na Universidade de KwaZulu-Natal, em Durban, Sooklal, acrescentou que o evento provocará “uma mudança tectónica na ordem mundial”.
“O Brics tem sido o principal catalisador de mudanças na arquitetura geopolítica global, e deve gerar uma mudança tectônica após esta cúpula”, disse o funcionário diplomático.
22 candidatos a novos membros
Sooklal destacou o fato de que, apesar de o Brics contar com apenas cinco países membros – Brasíl, Rússia, Índia, China e África do Sul, cujos nomes em inglês formam a sigla que batizou o bloco –, a reunião terá como tema principal os mais de 20 pedidos de países que desejam ser incorporados como novos membros da organização.
A região da América Latina e do Caribe é uma das que possui maior número de candidaturas, entre as quais estão Argentina, Bolívia, Cuba, Honduras, México e Venezuela. Outros candidatos destacados são Arábia Saudita, Argélia, Bielorrússia, Cazaquistão, Indonésia, Irã, Nigéria, Sérvia e Turquia.
Universidade de KwaZulu-Natal
Embaixador da África do Sul no Brics, Anil Sooklal, prevê que cúpula do bloco deste ano terá grande impacto no mundo
O diplomata também ressaltou que o evento contará com representantes de 71 países, incluindo alguns chefes de Estado de países convidados – o presidente da Bolívia, Luis Arce, confirmou, recentemente, que será um deles.
Presença de Lula e ausência de Putin
A edição deste ano da cúpula de chefes de Estado do Brics será a primeira em caráter presencial realizada após a pandemia, e terá como protagonistas os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Índia, Narendra Modi, e da China Xi Jinping, além do anfitrião Cyril Ramaphosa.
A Rússia será representada pelo presidente Vladimir Putin, mas ele participará das reuniões mais importantes por videoconferência. A ordem de prisão contra o líder russo emitida pela Corte Penal Internacional em março levou o Kremlin a desmarcar a viagem à África.
Ainda assim, haverá uma delegação russa presente em Johanesburgo, para participar de eventos diversos, e que será encabeçada pelo chanceler Sergei Lavrov.