A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) pretende colocar em prática nesta semana a primeira fase de um plano cujo objetivo é aumentar as exportações dos produtos amazônicos.
Nesta segunda-feira (07/08), no evento Diálogos Amazônicos, prévio à Cúpula da Amazônia, em Belém do Pará, o presidente da agência, o ex-governador e ex-senador Jorge Viana (PT-AC), disse que o comércio de mercadorias compatíveis com o uso florestal sustentável e aceitos internacionalmente tem o potencial de movimentar cerca de US$ 150 bilhões por ano em todo o mundo. Porém, ele também frisou que o Brasil vem registrando menos de um terço disso nos últimos anos.
“Dos cerca de US$ 334 bilhões que o Brasil exportou no ano passado, a Região Norte exportou US$ 28 bilhões, dos quais US$ 21 bilhões saíram aqui do Pará. Alguém vai dizer que é muito, mas se comparado aos US$ 334 bilhões totais, é muito pouco. A mesma coisa para o Nordeste, que exportou US$ 27 bilhões”, comentou Viana.
O presidente da ApexBrasil também comparou os resultados das exportações brasileiras com as realizadas por outros países que comercializam os mesmos produtos.
“A castanha do Brasil, por exemplo, é um produto que, com as barras de cereais, tem mercado o ano inteiro, e que o Brasil exporta pouco, porque deixou de ter políticas (específicas) para estimular a comercialização desse produto. A Bolívia chega a exportar cerca de US$ 150 milhões em castanhas, enquanto o Brasil só chega a 10% disso. Enquanto a Costa do Marfim exporta 2,2 milhões de toneladas de cacau, o Brasil produz cerca de 300 mil toneladas. Aqui, na Amazônia, são exportados US$ 100 milhões em pimenta do reino, mas o Vietnã exporta US$ 700 milhões”, analisou Viana, que foi governador do Acre entre 1999 e 2007, além de senador pelo mesmo estado, entre 2011 e 2019.
As declarações de Viana acontecem na véspera do início da Cúpula da Amazônia, de acontece em Belém do Pará nesta terça e quarta-feira (08 e 09/08) e que reunirá os chefes de Estados de todos os países da região amazônica: além do Brasil, estarão representados Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. A França também foi convidada, devido à sua presença na Guiana Francesa. O principal expositor do evento será o presidente anfitrião, o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
ApexBrasil
Segundo presidente da ApexBrasil, produtos amazônicos têm potencial de movimentar cerca de US$ 150 bilhões por ano
Além dos líderes dos países amazônicos, estarão presentes no evento milhares de representantes de entidades civis, movimentos sociais, universidades, centros de pesquisa e agências governamentais. Entre as pautas mais importantes da cúpula estão os esforços para lidar com as mudanças climáticas, além de políticas para promover a sustentabilidade e desenvolvimento econômico e social da Amazônia.
Segundo Viana, a reunião em Belém é “uma rara oportunidade para o país discutir, objetivamente, como fazer para transformar a riqueza da biodiversidade amazônica em melhorias para o povo da região e de todo o Brasil”.
“Estou esperançoso de que, a partir deste encontro, boas mudanças possam acontecer. Inclusive na Apex-Brasil. Porque a Amazônia, assim como o Nordeste, exporta pouco, embora tenham um potencial de exportar muito. Faz dez anos que as exportações brasileiras estão meio que paralisadas”, comentou o presidente da agência.
Viana concluiu sua declaração assegurando que os planos da ApexBrasil visam “realizar mais de mil eventos por ano: feiras, encontros, rodada de negócios, no mundo inteiro, e também ter um cuidado com o pequeno empreendedor, com as cooperativas, com as empresas pequenas, com aqueles que querem empreender e vamos fazer um trabalho junto com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com as lideranças nos estados, para pegar na mão do empreendedor e abrir portas para que ele possa exportar”.
“Vamos explorar bem este momento e ver um forte crescimento das exportações na Amazônia. Não só de matéria-prima, mas de produtos com valor-agregado”, finalizou.
Com informações da Agência Brasil.