O ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, disse neste domingo (28/01) que 15 mil policiais estarão mobilizados nesta segunda-feira (29/01), após o anúncio feito por dois sindicatos de agricultores, que prometeram “cercar” Paris a partir das 14h no horário local. O objetivo é impedir a entrada dos tratores na capital e nas grandes cidades.
O dispositivo também visa evitar os bloqueios do mercado de Rungis e dos aeroportos Orly e Charles de Gaulle, em Roissy, na região parisiense.
O ministro francês pediu “moderação” às forças de segurança, que não devem “intervir nos pontos de bloqueio”, mas “protegê-los” e só agir em “último recurso”, frisou. Darmanin deu as declarações após uma reunião de crise, que contou com a presença do ministro da Agricultura, Marc Fesneau.
Os sindicatos majoritários do setor FNSEA e Jovens Agricultores anunciaram no sábado (27/01) que os agricultores da região de Paris e do norte de França “iniciarão um cerco à capital por tempo indeterminado”, a partir desta segunda-feira.
“Tudo será organizado em torno de vários pontos nas principais rodovias estratégicas. Haverá sete pontos de bloqueio em toda a capital de tratores e agricultores”, disse Clément Torpier, presidente do sindicato de Jovens Agricultores na região de Paris.
Em visita a uma fazenda no oeste da França, o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, prometeu “agir rapidamente” para controlar a crise. Ele conversou com os agricultores, que reclamaram da queda nos ganhos, das baixas aposentadorias, da complexidade administrativa e da concorrência estrangeira.
Sindicatos de agricultores prometeram 'cercar' Paris a partir das 14h no horário local
“Quero que tudo isso seja esclarecido e veremos quais medidas adicionais podemos tomar em relação à concorrência desleal”, disse o chefe de governo. “Não é normal que vocês sejam impedido de usar certos produtos”, enquanto “países vizinhos, Itália ou outros, podem usá-los”, observou, em alusão aos adubos ou fertilizantes usados em plantações europeias.
Medidas insuficientes
Na sexta-feira, o premiê francês anunciou uma primeira série de medidas durante uma viagem ao sudoeste da França. Elas incluem compensações para os agricultores cujo gado foi afetado pela doença hemorrágica epizoótica e sanções contra três fabricantes agroalimentares que não cumprem as leis francesas.
O presidente do FNSEA, o maior sindicato agrícola da França instou o governo a “ir muito mais longe”. “O que precisamos são decisões que mudem o sistema”, disse Arnaud Rousseau, diante de agricultores que bloqueiam a autoestrada A16, no norte de Paris. Muitas estradas continuavam com a circulação interrompida neste domingo em toda a França. A mobilização também deve ser retomada na manhã desta segunda-feira nos arredores de Lyon.
O presidente da FNSEA apresentou dezenas de queixas ao governo esta semana e alertou que os agricultores estão determinados a manter o protesto “enquanto estas exigências não forem atendidas”, disse.