A Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) para o racismo, realizada na sede da entidade em Genebra, Suíça, teve um primeiro dia conturbado, após o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, fazer um discurso em que denunciou o “racismo” israelense e a cumplicidade ocidental para com o país.
O governante se referiu ao estado de Israel dizendo que um governo racista foi instalado no Oriente Médio depois da Segunda Guerra Mundial. Durante a declaração de Ahmadinejad, alguns aplaudiram, outros vaiaram e muitos representantes de países deixaram a reunião.
Ahmadinejad também denunciou as intervenções militares no Iraque e no Afeganistão, e questionou se os conflitos tinham trazido a paz ou a prosperidade a esses povos. Criticou o Conselho de Segurança da ONU que, segundo ele, sempre “recebeu com silêncio os crimes desse regime (israelense), como os recentes bombardeios contra civis em Gaza”.
A presença de Ahmadinejad em Genebra causou indignação em Israel, que hoje (20) chamou o embaixador em Berna em consulta, devido ao encontro que o presidente suíço, Hans-Rudolf Merz, manteve ontem à noite com o presidente iraniano.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, falou sobre o choque diplomático. “Seis milhões foram assassinado durante o Holocausto. Nem todos aprenderam com a lição da desgraça”, disse em Jerusalém. “Enquanto os recordamos desse trágico fato, uma conferência supostamente convocada contra o racismo se celebra na Suíça. O convidado de honra é um racista que nega o Holocausto e que não oculta sua intenção de eliminar Israel na face da Terra”, afirmou.
A realização da conferência coincide com o dia em que os israelenses e todos os judeus ao redor do mundo se recordam das vítimas do Holocausto.
Boicote
O evento desse ano tinha como um dos objetivos superar o mal-estar da última conferência realizada em 2001 em Durban, na África do Sul. Na ocasião, Israel e Estados Unidos abandonaram as discussões após serem mencionados diretamente por sionismo e racismo no documento final. Os países afirmaram na época que o evento foi “usado por alguns para promover uma agenda anti-israelense”.
A adoção do polêmico texto da Declaração e Plano de Ação de Durban, resultado de um consenso da Conferência de 2001, na África do Sul, como base para a reunião desse ano, motivou não só o boicote dos Estados Unidos e Israel, mas também de Austrália, Canadá, Itália, Holanda, Polônia, Nova Zelândia, e Alemanha.
ONU
O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que “algumas nações”, que decidiram não participar da reunião, deveriam ter deixado as diferenças de lado e comparecido. Ele criticou o discurso do Ahmadinejad, dizendo que as palavras do iraniano contra Israel eram destinadas a “acusar, dividir e incitar”.
Ban emitiu uma declaração, na qual sustentou que as declarações de Ahmadinejad eram contra o que busca a conferência, cujo objetivo é relançar um plano de ação internacional para combater o racismo, a xenofobia e outras formas de intolerância.
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