Em uma carta ao presidente iraniano, Hassan Rouhani, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, celebrou nesta terça-feira (19/01) o fim das sanções econômicas ao país, em vigor desde o último sábado (16/01). Khamenei pontuou que, apesar da suspensão das sanções com o acordo nuclear, o Irã deve permanecer “atento” às atitudes das potências mundiais, sobretudo dos EUA.
EFE
O aiatolá Ali Khamenei congratulou o presidente Hassan Rouhani pela implementação do acordo nuclear, que suspendeu as sanções ao Irã
“Eu reitero a necessidade de estar alerta para a enganação e traição de países arrogantes, especialmente os Estados Unidos, sobre essa questão [nuclear] e outras”, disse Khamenei no documento. Foi a primeira vez que o aiatolá se manifestou publicamente desde a implementação do fim das sanções impostas ao Irã.
O líder supremo afirmou que declarações feitas por “políticos norte-americanos nos últimos dois ou três dias são suspeitas” e que o governo do Irã deve se assegurar de que os EUA cumpram integralmente suas obrigações no acordo. Pré-candidatos presidenciais do Partido Republicano têm criticado publicamente o acordo firmado entre o Irã e o grupo 5+1 (Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha), em julho do ano passado.
NULL
NULL
Segundo Khamenei, o acordo nuclear representa uma vitória da “resistência” do Irã, que conseguiu negociar com países conhecidos pela “hostilidade” em relação ao país persa e que foram levados a mudar de postura.
Current achievements against arrogant,oppressive fronts became possible through resistance.We must consider it a great lesson for all of us.
— Khamenei.ir (@khamenei_ir) 19 janeiro 2016
Khamenei disse a Rouhani que o governo iraniano deve trabalhar para melhorar a economia, “utilizando as capacidades internas” e não somente os investimentos internacionais, que deverão aumentar com a implementação do acordo. “Apenas a retirada das sanções não irá resolver os problemas econômicos do país”, escreveu.
EFE
Firmado em julho do ano passado, o acordo passou a vigorar há três dias, com o aval da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)
Entenda o caso
A entrada em vigor do JCPOA (Plano Integral de Ação Conjunta, na sigla em inglês) entre Teerã e o Grupo 5+1 sinaliza uma nova configuração diplomática, com o fim paulatino das sanções econômicas e financeiras contra o país persa. Nas últimas horas, diversas potências mundiais comemoraram a nova etapa do acordo nuclear com Teerã.
A medida entrou em vigor na noite do último sábado (16/01), após a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) confirmar que o país persa cumpriu as exigências do pacto, que previa a limitação de vários aspectos do seu programa atômico durante períodos de 10 a 25 anos. Ainda no sábado, Teerã e Washington realizaram uma troca de presos, sinalizando uma abertura diplomática.
O principal Estado crítico ao acordo nuclear com os iranianos é Israel. Segundo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Teerã continua buscando desenvolver armas nucleares e espalhar o terrorismo.
No domingo, Washington anunciou novas sanções a indivíduos e empresas do Irã, em relação a um programa iraniano de mísseis balísticos de alta precisão, classificado pelo governo norte-americano como “uma ameaça significativa à segurança regional e global”. Apesar disso, o presidente norte-americano, Barack Obama, qualifica o atual momento com os iranianos como uma “vitória da diplomacia dos EUA”.