A Cruz Vermelha já havia anunciado que não pretendia participar da distribuição na Venezuela da “ajuda” vinda dos Estados Unidos. Para a organização, os carregamentos enviados por Washington vêm da parte de um governo e, por essa razão, não podem ser considerados como “ajuda humanitária”.
Já em 10 de fevereiro, o Comitê da Cruz Vermelha havia se posicionado sobre a situação na Venezuela. O chefe da delegação da entidade na Colômbia, Christoph Harnisch, afirmou que não pretendia participar da iniciativa norte-americana de enviar carregamentos para o país latino americano.
“Para nós, não se trata de uma ajuda humanitária, e sim de uma ajuda decidida por um governo”, declarou, lembrando que sua instituição deve respeitar princípios de independência, imparcialidade e neutralidade.
Nessa segunda-feira (25/02), em entrevista publicada no site da revista colombiana Semana, Harnisch reforçou suas afirmações. Para ele, “infelizmente, a primeira vítima do que está acontecendo é a palavra ‘humanitária’, porque há um debate, há uma controvérsia pública, há uma manipulação deste termo por todas as partes”. Segundo o representante da Cruz Vermelha, “'humanitário' é algo que não deve ser controverso, deve ser do interesse do povo”.
Harnisch também preferiu não se posicionar em caso de uma eventual intervenção militar na Venezuela. “Isso é pura especulação”, declarou, alegando que mesmo se algo do gênero ocorra, as ONGs humanitárias precisam de um período de observação da situação antes de agir.
O chefe da Cruz Vermelha local disse considerar que a migração de venezuelanos em decorrência da crise econômica é uma das “mais graves” do mundo. “Há uma migração de sírios que era muito mais importante em termos de número de pessoas. Mas nesse caso havia muitos mais países receptores. Aqui a concentração é de alguns países, dois ou três”. Além disso, lembra, as nações que recebem esses migrantes “não são países com um desenvolvimento industrial do mais alto nível. Na Europa, em alguns casos sim, mas isso não pode ser dito da Colômbia ou do Equador e do Peru”.
O governo da Venezuela diz que a crise que atravessa o país e estimula a imigração acontece em decorrência do que chama de “guerra econômica” e dos bloqueios impostos pelos Estados Unidos e outras nações ocidentais a Caracas.
(*) Com Redação
Sebastián Soto
Caminhonetes do governo brasileiro com suposta ‘ajuda humanitária ‘que chegaram até a fronteira, mas voltaram ao quartel