A Alemanha vai reduzir seu contingente militar no Iraque, afirmou o Ministério da Defesa alemão nesta terça-feira (07/01). O movimento ocorre em meio às tensões causadas pela morte do principal comandante militar iraniano, Qassim Soleimani, num ataque norte-americano em Bagdá.
Cerca de 30 dos 120 soldados alemães que estão estacionados no Iraque serão transferidos para a Jordânia e o Kuwait. A retirada deve começar em breve. Os militares em questão atuam em Bagdá e em Taji. Os outros cerca de 90 estão no norte país árabe, na região controlada pelos curdos.
A decisão alemã foi anunciada após o Parlamento iraquiano aprovar, no último domingo, uma resolução pedindo ao governo o fim das atividades de tropas estrangeiras no país. A medida teve como alvo principal a presença de militares norte-americanos no país e foi uma resposta ao ataque que matou Soleimani. O assassinato provocou indignação entre xiitas do Iraque alinhados com o Irã.
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“Claro que respeitaremos toda decisão soberana do governo iraquiano. Estamos prontos para continuar com nosso apoio testado e comprovado num âmbito coordenado internacionalmente, desde que o Iraque assim deseje e que a situação o permita”, disseram os ministérios da Defesa e do Exterior da Alemanha, em nota.
Os militares alemães estacionados em Bagdá e em Taji atuam sobretudo em treinamentos das forças de segurança iraquianas para combater o grupo terrorista “Estado Islâmico” (EI). A Alemanha enviou pouco mais de 400 militares ao Oriente Médio para integrar uma coalizão internacional contra o EI, liderada pelos Estados Unidos.
picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Militares alemães treinam soldados no Iraque
O ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, afirmou na segunda-feira que o pré-requisito para a presença militar da Alemanha no Iraque seria um convite do governo e Parlamento iraquianos.
“Se esse não for mais o caso, então, falta uma base legal para estarmos lá. Temos que esclarecer isso com os responsáveis em Bagdá o mais rápido possível”, disse em entrevista à emissora de televisão alemã ZDF.
Maas também demonstrou preocupação com o ressurgimento do “Estado Islâmico” com a retirada de tropas estrangeiras do Iraque. “Ninguém realmente quer isso”, acrescentou.
Em nota, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediram às autoridades iraquianas que continuem apoiando a aliança liderada pelos EUA no combate à milícia jihadista e frisaram que a luta contra o EI “continua sendo uma alta prioridade”.
Soleimani, figura-chave da crescente influência iraniana no Oriente Médio, morreu na última sexta-feira num ataque dos Estados Unidos em Bagdá, juntamente com Abu Mehdi al-Muhandis, o 'número dois' da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, o 'número dois' da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi].
A morte de Soleimani aumentou as tensões entre os arqui-inimigos Teerã e Washington. Enquanto o Iraque ordenou a retirada das tropas estrangeiras do país, o Irã prometeu vingança e anunciou que deixará de respeitar os limites impostos pelo acordo nuclear assinado em 2015, já enfraquecido desde que os EUA se retiraram unilateralmente do pacto, em maio de 2018.