O alemão Cornelius Gurlitt, 81, dono de um acervo de milhares de obras de arte confiscadas pelas autoridades alemãs, concordou em entrar num acordo com o governo do país que determinará o futuro de seus quadros, muitos dos quais acredita-se que tenham sido roubados ou extorquidos por nazistas.
Sua cooperação com a Justiça e com o governo da Baviera vai ajudar a distinguir quais obras de arte foram tomadas de seus proprietários originais – entre os quais, muitos judeus perseguidos pelo aparelho nazista. Entre as 1.280 peças listadas pelas autoridades, há obras-primas de artistas como Pablo Picasso, Henri Matisse, Otto Dix e Ernst Ludwig Kirchner.
Agência Efe
Apartamento de Cornelius Gurlitt, onde cerca de 1.400 obras de arte foram encontradas pela polícia alemã
Filho de um importante comerciante de arte durante o nazismo, Gurlitt viva recluso em seu apartamento na cidade de Munique, onde uma blitz policial descobriu a existência do acervo. Até o momento, ele se recusava a colaborar com a Justiça alemã, assegurando que as peças haviam sido adquiridas legalmente pelo pai marchand. O objetivo seria angariar recursos para atividades do regime, já que havia ordens de Hitler para comprar e vender obras da chamada “arte degenerada” — termo utilizado pelo nazismo para caracterizar pejorativamente o modernismo, cubismo e surrealismo, escolas artísticas que não seriam de “natureza germânica” e, portanto, “padeciam” de inclinações ao “judaico-bolchevismo”.
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Ministro da propaganda no nazismo, Goebbels visita a exibição “Arte Degenerada” em Munique
Reprodução
“Estamos mandando um sinal claro para o mundo de que não vamos permitir que injustiças nazistas continuem 70 anos depois do fim da guerra”, disse Monika Gruetters, ministra da Cultura alemã.
[Reprodução de uma capa da revista alemã Der Spiegel mostra Gurlitt em 2013]
O governo do país vinha sofrendo uma série de críticas pelo silêncio em relação ao caso — embora o o acervo tenha sido descoberto em 2012, só foi revelado pelas autoridades mais de um ano e meio depois, em novembro de 2013.
As desconfianças alemãs começaram depois que Gurlitt foi pego em um trem em direção à Suíça com grande quantidade de dinheiro. Em fevereiro de 2012, foi feita uma busca em seu apartamento sob suspeita de sonegação de impostos. Nessa ocasião, descobriu-se o acervo.
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