O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira (26/03) um prazo de 48 horas para que o ex-presidente Jair Bolsonaro justifique sua estadia de dois dias na embaixada da Hungria em Brasília, nas datas referentes de 12 a 14 de fevereiro, como revelou o jornal The New York Times em uma reportagem publicada no dia anterior.
A determinação do judiciário dá sequência aos desdobramentos referentes ao caso. Na segunda-feira (25/03), o Ministério das Relações Exteriores do Brasil também convocou o embaixador da Hungria, Miklós Halmai, para prestar explicações sobre o abrigo concedido ao ex-presidente. No entanto, de acordo com as informações do colunista Jamil Chade, do UOL, o representante teria permanecido em silêncio durante a reunião que durou cerca de 20 minutos, mantendo um contato constante com Budapeste.
Bolsonaro buscou refúgio na embaixada da Hungria
Na segunda-feira, o veículo norte-americano divulgou circuitos de Bolsonaro entrando na representação diplomática europeia exatos quatro dias depois que a Operação Tempus Veritatis foi deflagrada, em 8 de fevereiro. Os mandados expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes resultaram na apreensão do passaporte de Bolsonaro e prisão de dois de seus ex-assessores, acusados de terem orquestrado um golpe de Estado após a derrota do ultradireitista nas eleições presidenciais de 2022, contra Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com o NYT, as imagens sugerem que o ex-mandatário permaneceu dois dias na embaixada, acompanhado por dois seguranças e recebido pelo embaixador húngaro no Brasil.
Ainda segundo o jornal, a permanência na embaixada indica que o “ex-presidente buscava alavancar sua amizade com um líder de extrema direita, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, em uma tentativa de fugir da Justiça brasileira”.
Alvo de várias investigações criminais no Brasil, ao ser acolhido por uma embaixada estrangeira, em tese, Bolsonaro não pode ser preso uma vez que tais órgãos estão legalmente fora dos limites das autoridades nacionais.
Após a repercussão da reportagem em toda a imprensa brasileira, os advogados do ex-mandatário divulgaram uma nota justificando a estadia na embaixada a convite para “manter contatos com autoridades do país amigo”.
(*) Com Brasil de Fato