Os ministros da Defesa de 14 países europeus membros da Otan, além da Finlândia, assinaram nesta quinta-feira (13/10) uma “carta de intenções” para adquirirem conjuntamente sistemas de defesa aérea que protejam o território aliado de mísseis. O projeto, chamado “Iniciativa de Escudo do Céu Europeu”, é liderado pela Alemanha.
A assinatura ocorreu à margem de uma reunião na sede da aliança atlântica, em Bruxelas.
A iniciativa prevê que os países procurem comprar sistemas avançados Patriot e Iris-T, segundo a ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht.
“Estes são tempos ameaçadores e desafiadores”, disse a ministra alemã após a assinatura da carta. “Precisamos preencher essas lacunas rapidamente.”
Nesta semana, Berlim entregou o primeiro de quatro sistemas Iris-T SLM para a Ucrânia, mas as próprias Forças Armadas alemãs não têm o sistema em estoque. Ao mesmo tempo, Berlim quer aumentar o número de unidades Patriot que possui.
O Iris-T, considerado por alguns especialistas como um dos mais modernos do mundo, foi desenvolvido pela empresa alemã de armamentos Diehl Defense, baseada na cidade de Überlingen.
Enquanto o Patriot e o Iris-T são de defesa antiaérea de médio alcance, os países também discutirão a aquisição de sistemas de alto alcance, como o Arrow 3, produzido pela Israel Aerospace Indústrias (IAI), e sistemas de curto alcance projetados para proteger áreas menores ou comboios militares, por exemplo.
A pressão por um sistema de defesa aérea europeu ocorre num momento em que a Rússia lança ataques maciços de mísseis e drones contra a Ucrânia, quase oito meses depois de iniciar sua guerra contra seu vizinho pró-ocidente.
Diehl Defence
Sistema alemão antimísseis Iris-T deve fazer parte da defesa comum europeia
'Compromisso crucial'
A Otan explicou em comunicado que a iniciativa visa criar um sistema europeu de defesa aérea e antimísseis através da aquisição comum de equipamentos por nações europeias. Segundo a organização, o projeto fortalecerá a defesa aérea e antimísseis integrada da Otan.
“Este compromisso é ainda mais crucial hoje, quando testemunhamos os ataques implacáveis e indiscriminados de mísseis da Rússia na Ucrânia, matando civis e destruindo infraestruturas críticas”, disse o vice-secretário-geral da Otan, Mircea Geoana.
Geoana elogiou a “liderança da Alemanha” nesse projeto e afirmou que os seus novos meios, “totalmente interoperáveis e perfeitamente integrados na defesa aérea e antimíssil da Otan, aumentarão significativamente nossa capacidade de defender a aliança de todas as ameaças aéreas e de mísseis”.
França e Polônia ficam de fora
A França e a Polônia não se associaram à iniciativa, apesar de uma fonte francesa citada pela agência de notícias AFP afirmar que esta é “uma excelente iniciativa” e admitir que a Otan “necessita de sistemas de defesa antiaérea, antimíssil e antidrones”.
Paris argumenta que o seu sistema “Mamba” de defesa terra-ar de médio alcance já se encontra plenamente integrado na cadeia de controle do comando aéreo aliado da Otan, enquanto Varsóvia disse pretender instalar o seu próprio sistema de defesa aérea.