O candidato independente Alexander Van der Bellen venceu as eleições presidenciais desde domingo (04/12) na Áustria, após a repetição do segundo turno inicialmente programado para outubro, mas que foi adiado devido a problemas técnicos com envelopes. Com 53,3% dos votos, Van der Bellen derrotou o candidato ultranacionalista Norbert Hofer (46,7%), com 69,4% dos votos computados.
A vitória de Van der Bellen interrompeu a onda de recentes triunfos do populismo direitista no Ocidente, apesar de Hofer ter alcançado o melhor desempenho de um candidato do Partido Liberal (FPÖ) na história.
Van de Bellen, professor universitário de 72 anos, ecologista e progressista, conseguiu melhorar seu resultado nas urnas em relação à maio, quando venceu por uma vantagem mínima no pleito que foi anulado pela Justiça por irregularidades. O ecologista venceu a primeira eleição presidencial por 0,6 pontos percentuais de vantagem e 31 mil votos, em um país de 6,4 milhões de eleitores. Na repetição realizada neste domingo, a margem de vitória deve chegar a sete pontos percentuais, segundo projeções.
Por trás dos 53,3% dos votos obtidos por Van der Bellen está principalmente o temor de muitos austríacos a Hofer, que durante a campanha sugeriu fazer um referendo sobre a permanência do país na União Europeia (UE).
“Os resultados dessas eleições são um sinal de que minhas posições pró-europeias são compartilhadas pela maioria dos eleitores”, disse Van der Bellen em entrevista à emissora local ORF. “É do maior interesse para a Áustria, para os trabalhadores ser um membro da União Europeia (UE). Um membro importante e que coopera de forma positiva”, indicou o presidente eleito, defendendo sua posição contrária a Hofer, que durante a campanha eleitoral sugeriu fazer um referendo sobre a permanência do país na União Europeia.
Agência Efe
Ambientalista Van der Bellen foi eleito com 53,3% dos votos em repetição de eleições na Áustria
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Apesar disso, Van der Bellen afirmou que deseja ser o presidente “de todos os austríacos”, incluindo aqueles que votaram em seu rival no pleito. “Quero falar de forma ativa aos eleitores da FPÖ (Partido Liberal, de Hofer) que seus medos genuínos serão levados a sério”, declarou o presidente eleito.
Hofer também fez um apelo para que “todos os austríacos sigam unidos e trabalhem juntos” em mensagem divulgada em seu perfil oficial no Facebook. “Todos somos austríacos, não importa como tenhamos decidido nas urnas”, escreveu Hofer, que já anunciou que será candidato à presidência da Áustria em 2022 e disse que o atual governo “não vai aguentar muito mais”.
Vitória importante para toda a Europa
“É uma vitória importante, não só para a Áustria, mas para toda a Europa. É a primeira vez em 2016, um ano no qual tivemos o 'Brexit', a vitória de Trump nos Estados Unidos, que eles vivem uma derrota que não esperavam”, disse à Agência Efe a vice-presidente do Parlamento Europeu, Ulrike Lunacek.
A vice-presidente do Parlamento Europeu interpreta a vitória de Van der Bellen como um exemplo de que a ideia de “cooperar em vez de confrontar” pode triunfar no continente.
“A derrota do FPÖ me alegra muito porque gente como (Marine) Le Pen, (Geert) Wilders, a Alternativa para a Alemanha (AfD) e Víctor Orban não irão gostar”, disse Lunacek em referência a movimentos e líderes populistas e eurocéticos da França, Holanda, Alemanha e Hungria que apoiaram abertamente Hofer.
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank Walter Steinmeier, também disse que o triunfo de Van der Bellen indica um “bom sinal contra o populismo na Europa”.
O ministro da Economia e vice-chanceler da Alemanha, Sigmar Gabriel, também se manifestou nas redes sociais sobre a derrota da extrema-direita nas eleições presidenciais da Áustria. “Toda a Europa respira aliviada”, disse Gabriel pelo Twitter ao comentar a vitória de Alexander Van der Bellen.
(*) Com Agência Efe