Embora a proposta da cúpula do G20 fosse o debate de questões econômicas, a Rússia de Vladimir Putin foi uma das principais protagonistas do último dia da reunião, realizada neste domingo (16/11), na cidade de Brisbane, Austrália.
Durante o encontro de 19 líderes dos países mais poderosos do mundo, o chefe do Kremlin foi alvo de ameaças de sanções pelos EUA e pela União Europeia, em virtude de seu envolvimento no conflito na Ucrânia, que já resultou na morte de mais de 4 mil pessoas.
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Putin nega qualquer envolvimento nos confrontos do leste ucraniano e se diz otimista com resolução da crise
“A Rússia tem a oportunidade de tomar outro caminho. Se o fizer, serei o primeiro a apoiar a suspensão das sanções”, declarou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. “Não é nossa preferência o isolamento (econômico) da Rússia, mas continuaremos enquanto a ingerência de Moscou prosseguir”, completou.
Na mesma linha, o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, garantiu que, se a Rússia mantiver “desestabilizando a Ucrânia”, as sanções aumentarão. “Você tem que sair da Ucrânia”, acrescentou o premiê canadense, Stephen Harper a Putin.
Além das ameaças, acusações de que Moscou esteve por trás da queda do avião da Malaysia Airlines – que caiu em julho no leste ucraniano com 298 pessoas à bordo – também foram proferidas por líderes mundiais, como o premiê australiano, Tony Abbott e o japonês, Shinzo Abe. Todos também expressaram insatisfação pela anexação russa da península da Crimeia, em março deste ano.
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Líderes do G20: além de representarem 85% do PIB mundial, também são responsáveis por 80% do comércio global
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Depois das críticas recebidas por parte dos líderes mundiais, Putin decidiu deixar a cúpula mais cedo do que o previsto, sob a justificativa de que precisava “dormir um pouco antes de voltar ao trabalho na segunda”, alegando o longo voo para casa.
Antes de ir embora, contudo, o presidente russo advertiu que a imposição de sanções “prejudica todas as partes”, assegurando que a Rússia fará “o possível” para evitar uma escalada da tensão e se mostrou otimista ao garantir que “se veem tendências, condições e progressos promissórios” na região.
Enquanto o chefe do Kremlin deixava Brisbane antes do encerramento, os EUA se reuniram com seus aliados europeus para debater a situação no leste ucraniano. O grupo acusa Moscou de apoiar os separatistas pró-Rússia com tropas e armamento, embora Putin negue qualquer envolvimento no conflito.
A princípio, a cúpula do G20 que termina neste domingo foi elaborada para debater o crescimento econômico em escala mundial, em vista de que os países-membros do bloco, além de representarem 85% do PIB mundial, também são responsáveis por 80% do comércio global e concentram dois terços da população do planeta.
De fato, uma das apostas da imprensa internacional nos últimos dias era a ênfase no debate acerca da crise na Ucrânia em Brisbane. Contudo, o conflito também deu espaço para temas fora da agenda do encontro no primeiro dia do G20 – como mudanças climáticas, luta contra ebola e até o desaparecimento dos jovens estudantes mexicanos – ganharam destaque neste fim de semana.