América Latina e Caribe são as regiões em desenvolvimento que tiveram o maior avanço em atenção e educação na primeira infância, ainda que em meio a muita desigualdade, e por isso, devem ampliar sua cobertura com qualidade e de forma igualitária, disse hoje Rosa Blanco, especialista regional em educação inclusiva, primeira infância e inovações educacionais da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura).
Segundo a perita espanhola, a atenção nos primeiros anos de vida é fundamental para o desenvolvimento infantil e é uma forma de reduzir as desigualdades, pois as políticas de equidade não estão tendo o impacto desejado e algumas crianças acabam chegando a educação primária em condições diferentes. Ela ainda disse que os Estados devem se esforçar para dar mais prioridade para as políticas de infância entre zero a três anos.
Blanco explicou que os estudos demonstram que quando as pessoas tem acesso a programas de primeira infância, obtém melhores resultados educativos mais tarde, como: menor índice de repetição, menor abandono e maiores resultados com aprendizagem.
“É um tema econômico, além de tudo. Foi comprovado que o retorno do investimento na primeira infância é maior que o retorno de investimento em outras etapas. Além disso, atenção e cuidados de qualidade às crianças nesta fase promove o emprego das mulheres”, disse.
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Sobre os avanços e desafios da América Latina e do Caribe, Blanco afirmou que o Relatório Regional de Atenção e Educação da Primeira Infância mostra que “esta é a região em desenvolvimento que teve maior avanço. Temos uma taxa média regional de 65% de cobertura para as crianças de três a cinco anos, mas não temos dados confiáveis nesta faixa-etária”.
Para ela, o problema é que, apesar de ter ampliado a cobertura , existe muita desigualdade, especialmente nas zonas rurais e marginalizadas, sendo esse o grande desafio. “A qualidade é um tema preocupante na América Latina”, diz Blanco.
A especialista mencionou também alguns avanços institucionais com a aprovação de leis e políticas públicas. Ela, no entanto, insistiu que é preciso dar prioridade ao grupo de zero a três anos. “Esse período é crítico e merece uma maior atenção do Estado. Deve haver um maior investimento em recursos humanos e financeiros, além de políticas específicas”.
Blanco indicou que outro dado importante é a alta porcentagem de docentes sem qualificação nessa área, que demanda a melhoria na formação, desenvolvimento profissional e políticas intersetoriais.
“Só do ponto de vista das políticas educativas não é possível abordar a desigualdade, devem ser integradas as perspectivas de saúde e bem-estar com um enfoque regional. Não se pode separar o cuidado da educação”, conclui.
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