A Rússia lamentou nesta quarta-feira (27/12) as sanções americanas visando o vasto projeto russo de gás natural liquefeito (GNL) Arctic LNG 2. Elas são “inaceitáveis” e comprometem a segurança energética global”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia. Em busca de novas receitas, Moscou redirecionou quase completamente as suas exportações de petróleo para a Ásia.
O projeto Artic LNG 2 é um elemento-chave da estratégia da Rússia no mercado global de GNL, no qual pretende aumentar o seu alcance de 8% a 20%, até 2030.
“A situação em torno do Arctic LNG 2 confirma mais uma vez o papel destrutivo de Washington para a segurança econômica global. Os Estados Unidos falam da necessidade de manter esta segurança, mas, ao prosseguirem com seus próprios interesses egoístas, tentam expulsar seus concorrentes e destruir a segurança energética global“, acrescentou Maria Zakharova, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo.
Ela também afirmou que a cooperação entre a Rússia e a China, cujas empresas fazem parte do projeto, continuaria a se fortalecer no ramo da energia.
Os países ocidentais impuseram sanções severas contra empresas e indivíduos russos, após a decisão do Kremlin de invadir a Ucrânia; em fevereiro de 2022.
A Rússia é o quarto maior produtor de gás natural liquefeito transportado por via marítima, atrás dos Estados Unidos, Catar e Austrália.
Na segunda-feira (25/12), o diário Kommersant informou que os acionistas estrangeiros haviam suspendido sua participação no projeto Ártico GNL 2 devido a sanções, renunciando às suas responsabilidades em termos de contratos de financiamento e compras para a nova fábrica.
O projeto é controlado pela Novatek NVTK.MM, o maior produtor russo de GNL, que detém uma participação de 60%.
A francesa TotalEnergies, as principais estatais chinesas CNOOC e China National Petroleum Corp (CNPC), bem como um consórcio formado pelas empresas japonesas Mitsui and Co e JOGMEC – cada uma com participação de 10% – declararam motivo de força maior em relação a sua participação no projeto, relatou Kommersant, citando fontes dentro do governo russo.
Wikicommons
Rússia é o quarto maior produtor de gás natural liquefeito transportado por via marítima, atrás dos Estados Unidos, Catar e Austrália
Rússia redireciona exportações de petróleo
A Rússia redirecionou quase completamente as suas exportações de petróleo para a China e a Índia, obtendo receitas a um nível comparável ao de 2021, anunciou nesta quarta-feira o seu ministro de Energia, Alexandre Novak.
Segundo ele, a Rússia, alvo de uma série de sanções ocidentais devido à ofensiva na Ucrânia, particularmente sobre seus hidrocarbonetos, vende hoje de 45 a 50% do seu petróleo à China e 40% à Índia.
“Se anteriormente fornecíamos à Europa entre 40 e 45% do volume total das exportações de petróleo e derivados, esperamos que este número não ultrapasse 4-5% até ao final do ano”, explicou Novak em entrevista ao canal russo de televisão Russia 24.
Ele saudou o fato de que, apesar das restrições impostas pelo Ocidente, que quer impor um limite para o preço de venda do petróleo russo, “o complexo energético e petrolífero russo se desenvolveu com sucesso em 2023”.
“Muitas pessoas querem comprar petróleo e derivados russos. São países latino-americanos, países africanos e outros países da região Ásia-Pacífico”, revelou Novak.
Segundo ele, as receitas do petróleo e do gás da Rússia alcançaram o equivalente a cerca de € 88 bilhões este ano, ou “aproximadamente o nível de 2021”, antes das sanções.
A indústria de hidrocarbonetos representa 27% do PIB (Produto Interno Bruto) da Rússia e a sua venda no exterior cerca de 57% do total das exportações do país.
Quanto ao gás, Novak confirmou que o gigantesco projeto Arctic LNG 2 foi iniciado, apesar das sanções americanas que comprometeram o seu lançamento. “A planta Arctic LNG 2 está atualmente em construção e a primeira fase já começou a operar. Esperamos que as primeiras entregas deste projeto ocorram já no primeiro trimestre do próximo ano”, disse o vice-primeiro-ministro russo.