O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou, na noite desta sexta-feira (21/08), estado de exceção em cinco municípios na fronteira do país com a Colômbia com duração de 60 dias. Além disso, prorrogou o fechamento da fronteira por mais 72 horas. A ação ocorre após militares das Forças Armadas do país terem sido emboscados por paramilitares colombianos.
Neste sábado, mais de mil militares foram enviados para o estado fronteiriço de Táchira. Na região em questão, vivem 500 famílias, sendo 90% colombianos. De acordo com a inteligência venezuelana, o setor conhecido como A Invasão, em Santo Antonio de Táchira, é um grande centro de estruturas criminosas e paramilitares.
Leia também:
Maduro fecha parte de fronteira com Colômbia por 72 horas após ataque de paramilitares
Maduro: grupo treinado na Colômbia está a serviço da oposição para desestabilizar país
Agência Efe
Maduro realizou reunião ministerial nesta sexta
“Decidimos combater todas as formas de paramilitarismo no país”, afirmou Maduro. Ele ressaltou também que pediu colaboração de seu homólogo colombiano, Juan Manuel Santos para garantir a paz na fronteira.
Maduro lembrou que a Venezuela está ajudando no processo de paz entre o governo colombiano e as FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) que se desenvolve em Havana, Cuba: “nunca dissemos nada de tudo o que temos feito pelo processo de paz na Colômbia, tenho os melhores quadros diplomáticos dedicados a ajudar todos os dias”, disse ao pedir que Santos faça o mesmo na questão fronteiriça.
O mandatário venezuelano também voltou a acusar o ex-presidente colombiano e senador Álvaro Uribe por colaboração com supostos planos paramilitares promovidos pela oposição venezuelana, tal como foi denunciado por Maduro na última quarta-feira (19/08). “O senhor Uribe segue conspirando contra o povo de Bolívar e Chávez”.
Agência Efe
Militares guardam fronteira em La Guardia, Venezuela
Em resposta, Uribe ironizou, em sua conta de Twitter: “Maduro pensa que assustam as suas ameaças, quando estamos rodeados de carinho da cidadania de Maní, a 380 km de Bogotá.
Maduro cree que me asustan sus amenazas cuando estamos rodeados del cariño de la ciudadanía de Maní pic.twitter.com/EQ7XKkYM3v
— Álvaro Uribe Vélez (@AlvaroUribeVel) 22 agosto 2015
Ainda de acordo com Maduro, nos últimos sete meses, 121 mil colombianos entraram na Venezuela. “Os colombianos conseguem na Venezuela tranquilidade e estabilidade”.
NULL
NULL
Além das ações paramilitares, estima-se que 40% dos alimentos e insumos destinados aos venezuelanos e subsidiados pelo governo passem para o lado colombiano. O governador de Táchira, José Vielma Mora, afirmou que chega à região mensalmente 27 mil toneladas de alimentos “suficiente para abastecer 1,5 milhão de tachirenses, mas a maior parte se vai por meio do contrabando à Colômbia e por isso há a escassez e filas”.
Reunidas nesta sexta, as chanceleres de Venezuela, Delcy Rodríguez, e Colômbia, María Ángela Holguín, trataram da questão. O encontro foi avaliado como positivo e a colombiana disse que seu país está comprometido com o controle da fronteira e o combate ao contrabando.
Estado de exceção
De acordo com a Constituição do país, o estado de exceção é decretado em situações que afetam gravemente a segurança das pessoas, da nação ou instituições e pode restringir temporalmente as garantias constitucionais.
Mas, segundo da Carta Magna, o direito à vida é garantido, bem como a proibição da prática de tortura, a garantia do direito ao devido processo, à informação e os demais direitos humanos considerados intocáveis.
O protagonista do vídeo é José Pérez Venta, suposto assassino da militante opositora Liana Hergueta, morta há duas semanas. Na produção, ele explica que foi treinado por colombianos para o manejo de armas e explosivos e que o país vizinho foi responsável pelo financiamento das atividades desses grupos paramilitares.
Além disso, Venta diz ter se encontrado com Uribe, e com o candidato derrotado na última eleição presidencial colombiana, Óscar Ivan Zuluaga. Segundo o réu, também estariam envolvidos no processo de financiamento os políticos norte-americanos Ileana Ros-Lehtinen e Marco Rubio, pré-candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano.