A eleição presidencial da Guatemala, país envolvido em uma crise política que culminou na renúncia e na prisão do ex-mandatário Otto Pérez Molina, vai para o segundo turno, apontou a apuração realizada nesta segunda-feira (07/09). O comediante Jimmy Morales, do partido de direita Frente de Convergência Nacional (FCN), ficou em primeiro lugar, com
A concorrente de Morales deve ser a ex-primeira dama Sandra Torres, candidata pelo partido de centro-esquerda União Nacional da Esperança, que, até as 20h de Brasília, estava em segundo lugar, após uma apuração apertada e uma virada para cima do advogado Manuel Baldizón, do partido de centro-direita Líder (Liberdade Democrática Renovada). Ele era o favorito há dois meses, antes de a crise política se adensar.
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O comediante Jimmy Morales, vencedor do primeiro turno das eleições presidenciais na Guatemala
Para o analista político Cecil de Leon, ouvido pela AFP, Morales é um “fenômeno político, sem um passado em partidos ou cargos públicos”. O ator e comediante de 46 anos justificou sua vitória como uma consequência da insatisfação popular com os políticos tradicionais na Guatemala. “As pessoas estão cansadas de mais do mesmo, e isso se refletiu no resultado”, declarou Morales à imprensa.
As eleições foram realizadas em meio a uma crise política que culminou na renúncia e prisão do ex-presidente Otto Pérez Molina na última quinta-feira (03/09). Molina, assim como vários nomes do alto escalão de seu governo, responde a acusações de corrupção. Ele é acusado de ser o líder de uma rede chamada “A Linha”, esquema de cobrança de subornos a empresários para a evasão de impostos no sistema nacional de aduanas.
O presidente interino, Alejandro Maldonado, assumiu após a renúncia de Molina e permanece na presidência até o dia 14 de janeiro, quando o vencedor do segundo turno no dia 25 de outubro tomará posse.
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Agência Efe
População vota em San Juan Sacatepéquez, cidade a 25 km a noroeste da Cidade da Guatemala
A turbulência política dos últimos meses chegou às ruas do país, com milhares de guatemaltecos, em especial jovens, movimentos sociais e indígenas, realizando protestos contra o governo e pelo adiamento das eleições. O comparecimento dos eleitores, entretanto, superou as expectativas do Supremo Tribunal Eleitoral no país, chegando a 78%, segundo a agência de notícias Efe. As hashtags #MeDuelesGuatemala (“Me dói, Guatemala”) e #YoVotoPorqueQuiero (“Voto porque quero”) foram as principais no Twitter entre usuários no país entre ontem e hoje.
Houve protestos no sábado (06/09) e no domingo, dia das eleições, com algumas dezenas de pessoas nas ruas da Cidade da Guatemala, capital do país, vestidas de preto e carregando caixões que simbolizavam o luto pela corrupção.
Agência Efe
Protesto na Cidade da Guatemala na noite de sábado contra a realização das eleições
A votação no domingo foi majoritariamente pacífica, apesar de relatos de compra de votos e de impedimento da votação em alguns distritos por parte de grupos partidários de alguns candidatos. Além do pleito presidencial, guatemaltecos elegeram ontem deputados, representantes no Parlamento Centro-Americano, prefeitos e vereadores.