O embaixador Antonino Marques Porto retomou suas atividades em Quito (Equador). Ele tinha deixado o país no dia 21 de novembro por ordem do Itamaraty, “para consultas”, logo após o governo de Rafael Correa anunciar que não pagaria uma dívida com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em conseqüência do mau funcionamento da hidrelétrica de San Francisco.
A obra foi feita pela empresa brasileira Odebrecht, com dinheiro emprestado pelo banco. Segundo o Itamaraty, o governo do Equador pagou as parcelas atrasadas ao BNDES.
Após a saída do embaixador, o presidente Rafael Correa disse lamentar que um incidente comercial tenha se tornado diplomático. “Este problema comercial e financeiro, lamentavelmente, virou diplomático e, de nossa parte, não temos nenhum problema com o Brasil”.
O professor de Relações Internacionais Alexandre Hage, da FAAP, discorda do presidente equatoriano. “Não concordo com o ponto de vista do Rafael, porque a iniciativa [de ameaçar calote] foi dele, os atos revelam que ele procurava conflito”.
Valter Pomar, secretário de relações internacionais do PT, também discorda de Correa. “Incidentes comerciais entre países sempre envolvem diplomacia. Nesse caso, faltou exatamente mais diplomacia nas atitudes”.
Para Alexandre Hage, que organizou o livro “A Energia, a Política Internacional e o Brasil”, o problema não foi totalmente resolvido. “Sempre sobra uma fagulha capaz de reacender o conflito. Pode haver um apaziguamento, mas é pela boa vontade do governo Lula”. Segundo ele, o Brasil virou uma espécie de “cachorro morto que todo mundo chuta”.
Em nota, o Itamaraty afirmou que “o governo brasileiro continuará a acompanhar com atenção a evolução de suas relações econômicas e financeiras com o Equador”.
Segundo a chancelaria equatoriana, as relações entre os dois países estão “plenamente restabelecidas”, mas sem esquecer a “reivindicação dos interesses nacionais”.
O imbróglio começou no final de setembro, quando Rafael Correa determinou o embargo os bens da construtora Odebrecht, a ocupação das obras da empresa pelo Exército e proibiu que funcionários da companhia deixassem o país. Ele exigia pagamento de indenização por falhas no funcionamento e paralisação da hidrelétrica San Francisco, a segunda maior do país, construída pela empreiteira.
A Odebrecht também é responsável pelas obras de outra hidrelétrica, uma rodovia e um aeroporto no Equador.
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