O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou o posicionamento de seu homólogo chileno, Gabriel Boric, durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira (19/07) em Bruxelas, após a cúpula entre União Europeia e Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) emitir um documento final mencionando a Ucrânia, mas sem hostilizar a Rússia.
Durante a reunião de encerramento da cúpula UE-Celac, Boric expôs sua insatisfação ao documento final com duras palavras contra seus homólogos que não concordaram em repudiar a postura russa. Segundo ele, os países devem “enfatizar o respeito irrestrito ao direito internacional, porque é uma garantia de todos, o que está acontecendo na Ucrânia é uma guerra de agressão imperial e inaceitável, mas a declaração conjunta foi bloqueada porque alguns não querem dizer isso enfaticamente”.
Boric completou sua abordagem do tema dizendo que “o direito internacional foi claramente violado, não por ambas as partes, mas por uma parte, a parte que está invadindo, que é a Rússia. É importante que digamos isso claramente para avançar nos acordos”.
O presidente brasileiro analisou a posição de Boric como “falta de costume em participar de reuniões como esta”, fazendo com que “um jovem [referindo-se à Boric, o presidente mais novo do mundo quando eleito] seja mais sequioso, mais apressado”.
“Eu já tive a pressa do Boric. No meu primeiro ano de mandato, eu ia para uma reunião do G7 e queria que as coisas fossem decididas ali. A gente tem que compreender que nem todo mundo tem a mesma pressa”, ressaltou Lula.
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Lula classificou reunião bilateral como "a mais madura reunião entre a América Latina e a União Europeia"
O petista classificou a reunião bilateral como “a mais madura reunião entre a América Latina e a União Europeia” das quais ele já esteve presente, porque o resultado foi “um documento extremamente razoável, de interesse de todo mundo”.
O brasileiro faz menção ao documento conclusivo da cúpula, que expressa “profunda preocupação” pela “guerra contra a Ucrânia”, mas não menciona Rússia.
A guerra na Ucrânia era um grande entrave para a versão final do texto. Enquanto a União Europeia apoia Kiev financeiramente e militarmente, países latino-americanos e caribenhos pregam neutralidade no conflito.
Ainda assim, a União Europeia e a Celac – com exceção de Nicarágua – concordaram com uma formulação que expressa “profunda preocupação com a guerra em curso contra a Ucrânia”, e não “na Ucrânia”, e apoia “todos os esforços diplomáticos” para uma “paz sustentável e em linha com a Carta das Nações Unidas”.
Lula finalizou afirmando que alguns países estão “nervosos” e “afobados” e “agora precisam encontrar alguém que encontre o caminho da paz. O Brasil tem feito isso desde o começo, é preciso que a gente construa um grupo de países capaz de convencer a Rússia e a Ucrânia de que a paz é o melhor caminho”.
(*) Com Ansa