As eleições regionais na Nicarágua se desenvolveram sem maiores problemas, apesar das denúncias feitas pela oposição sobre uma possível fraude eleitoral e a insistência na troca de todos os magistrados do CSE (Conselho Supremo Eleitoral), acusados de terem manipulado o processo eleitoral municipal de 2008, quando o partido governista FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional) ganhou em 109 dos 153 municípios do país.
O CSE denunciou um plano de desestabilização empreendido pelos partidos opositores.
Pouco depois do fechamento das urnas, o ex-presidente da Nicarágua e líder do PLC (Partido Liberal Constitucionalista), Arnoldo Alemán, voltou a denunciar a existência de um plano de fraude orquestrado pela FSLN, as forças políticas aliadas e os mesmos magistrados do CSE.
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“Nos reunimos com a comissão técnica da OEA [Organização dos Estados Americanos] e apresentamos a situação na Nicarágua, onde a Constituição continua sendo violentada. Dissemos que, caso não se encontre uma solução para esses problemas, cairíamos numa crise muito dura e difícil, pois este governo, em vez de desenvolver a Nicarágua, nos leva em direção ao que menos desejamos: uma guerra fratricida”.
Segundo o ex-presidente, durante a jornada eleitoral foram encontradas pelo menos quatro inconsistências que invalidariam o processo. “Contudo, o problema não é se houve ou não fraude hoje (ontem, 7), mas todo o procedimento usado para se chegar ao voto e as múltiplas irregularidades que denunciamos em dias passados”, afirmou Alemán.
Manipulação
Frente a uma forte campanha midiática, na qual participaram ativamente diferentes meios de comunicação, os magistrados do CSE asseguraram que as eleições regionais foram utilizadas pela oposição e diferentes governos estrangeiros para desestabilizar a instituição e o próprio governo, numa preparação para as eleições gerais de 2011.
Em entrevista ao Opera Mundi, José Luis Villavicencio, juiz do CSE, disse que claramente houve um plano para desacreditar o processo eleitoral nicaraguense. “Por isso, orientamos os Conselhos Eleitorais Municipais, que se reuniram com todos os atores envolvidos no processo, a pontuar a situação que estava sendo vivida e abordar todas as medidas adotadas para garantir o desenvolvimento limpo e seguro das eleições.”
“Há um setor da sociedade nicaragüense, identificado com partidos de direita, que pede a substituição de todos os magistrados e o estão fazendo porque percebem que não somos uma garantia de manipulação em eleições”, afirmou.
Na opinião de Villavicencio, se trata de uma verdadeira campanha, “um plano a médio prazo”, apoiado pelos principais meios de comunicação e governos da União Europeia, “que pretendem reverter os processos empreendidos por governos progressistas na América Latina”. Segundo ele, esses setores temem uma possível nova vitória da Frente Sandinista em 2011. “Por isso começaram a falar de uma ‘Rota de Fraude’, para criar uma expectativa silenciosa para o ano que vem”, explicou.
Resultados parciais
De acordo com os primeiros dados parciais divulgados pelo CSE, a FSLN obteve uma grande vitória na RAAN (Região Autônoma do Atlântico Norte) e aumentou de maneira substancial sua influência eleitoral na RAAS (Região Autônoma do Atlântico Sul), com uma abstenção aproximada de 50%.
O objetivo das eleições regionais é eleger 45 representantes para cada uma das regiões autônomas, que integrarão os Conselhos Regionais da RAAN e da RAAS. Esses organismos são verdadeiros parlamentos, presididos por um coordenador eleito pelas forças majoritárias nos Congressos, que administram as políticas a serem usadas, graças à Lei de Autonomia, criada para garantir os direitos das diferentes etnias existentes na Nicarágua.
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