A polícia britânica prendeu nesta sexta-feira (08/07) o ex-editor do jornal News of the World Andy Coulson e o ex-repórter do tabloide britânico Clive Goodman, responsável pela cobertura da família real britânica. Coulson é acusado de ter ligação com o escândalo de grampos telefônicos realizados pelo jornal na época em que comandou o tablóide, entre 2003 e 2007. Já Goodman é acusado de pagar propina a policiais.
Coulson trabalhou como porta-voz do primeiro-ministro britânico, David Cameron, e renunciou ao cargo no começo do ano, após fortes pressões que enfrentava pelas investigações no caso dos grampos. Horas antes da prisão, Cameron disse que contratar Coulson foi uma decisão pessoal e que ele assumia total responsabilidade. “Eu dei a ele uma segunda chance. O povo é quem pode julgar se eu errei ao fazer isso”, afirmou. O governante assumiu que ficou amigo de Coulson durante o tempo em que eles trabalharam juntos e que essa amizade ainda existe, embora os dois não tenham tido muito contato nas últimas semanas.
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Culpa
Cameron anunciou hoje que as denúncias sobre os grampos serão investigadas por dois inquéritos públicos independentes. Um deles será coordenado por um juíz e vai começar logo após o fim dos trabalhos policiais. O governo quer saber porque a polícia falhou no primeiro inquérito sobre o caso. A outra investigação será conduzida por um corpo misto e terá como alvo a cultura, a prática e a ética da imprensa britânica. O objetivo é entender como os jornais são regulados e fazer recomendações para o futuro.
O primeiro-ministro afirmou que “a imprensa é livre, mas não está acima da lei”. Para ele, “o jeito como a imprensa é regulada no Reino Unido já não funciona mais”, O primeiro-ministro disse que o problema é coletivo. “Estamos todos juntos nisso. A imprensa, os líderes, os partidos, incluindo eu mesmo”, completou o líder britânico.
O líder da oposição no parlamento, Ed Miliband, havia pedido que o primeiro-ministro admitisse os próprios erros de julgamento por ter contratado Coulson. Miliband disse achar que outra ex-editora do News of the World, a atual chefe do grupo News International, Rebekah Brooks, também deveria ser responsabilizada pelo uso dos grampos telefônicos. A News International é um conglomerado de mídia que controla o tablóide inglês e faz parte do grupo News Corporation, do magnata Rupert Murdoch.
Interesse comercial
O fechamento do News of the World foi considerado uma ação para que Murdoch possa assumir o controle sobre a rede de TV Sky. A News Corporation é dona de 39% do capital da empresa atualmente. A negociação precisa ser aprovada pelo Departamento de Cultura do Reino Unido e era considerada quase certa até o começo desta semana.
Nesta sexta-feira, um porta-voz disse que o secretário de Cultura, Jeremy Hunt, “vai considerar todos os fatores relevantes para o caso, incluindo o fechamento do News of the World” e que “a decisão vai demorar o tempo que for necessário”. O processo de consulta pública para a compra da Sky termina hoje. O número de respostas de interesse durante a consulta subiu de 40 mil para cerca de 100 mil após a divulgação das mais recentes denúncias sobre o escândalo dos grampos.
Desempregados
O caso das escutas telefônicas levou ao fechamento do News of the World após 168 anos de existência. O veículo é o jornal mais lido do mundo em língua inglesa e emprega 200 pessoas, que só devem trabalhar até domingo (10/07), quando será impressa a última edição.
O editor de política David Wooding, que trabalha no News of the World há um ano e meio, disse à BBC que “dos 200 funcionários atuais, há dois ou três que trabalhavam no local na época dos grampos. Muita coisa aconteceu com um editor diferente e com outros empregados”.
“Fomos trazidos para limpar a imagem do jornal, mas a lama acabou espirrando em nós”, afirmou Wooding.
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