A Líbia viveu uma escalada da violência neste fim de semana. Para tentar superar a crise, o governo propôs, nesta segunda-feira (19/05), à Assembleia Legislativa a realização de eleições parlamentares antes de 15 de agosto. A medida foi tomada após o ataque realizado ontem contra o Parlamento, uma invasão que deixou dois mortos e 55 feridos.
Agência Efe
Em fevereiro, libios elegeram Assembleia Constituinte para redigir uma nova constituição para o país
A eleição deverá repetir a votação parlamentar para confirmar Ahmad Maitiq como primeiro-ministro. Maitiq foi eleito chefe do governo em 4 de maio em uma escolha carregada de polêmica e que muitos deputados contestaram.
Hoje, os Estados Unidos dobraram suas forças na fronteira da Itália para garantir a evacuação de cidadãos norte-americanos em sua embaixada em Trípoli, caso a medida seja necessária. De acordo com um funcionário da Defesa dos EUA, a violência na cidade cresce “minuto a minuto, hora a hora”.
Arábia Saudita e a Argélia anunciaram a suspensão da missão diplomática no país.
A respeito dos últimos episódios na Líbia, a União Europeia disse estar “profundamente preocupada”. “A UE reitera o seu compromisso de apoiar o povo líbio e insta todas as partes a construir um consenso para garantir uma transição para uma democracia estável”, afirmou o porta-voz Michael Mann.
De acordo com a CNN, a situação no país parece ser a pior desde as revoltas de 2011 que resultaram na derrubada do então presidente Muammar Khadafi.
Hoje, a situação se agravou, conforme relatado pela rede Al Jazeera, após um grupo inspirado na Al-Qaeda, o Lions of Monotheism (Leões do Monoteísmo, em tradução livre), ameaçar retaliar as tropas do ex-general Khalifa Haftar.
Ataque ao Parlamento
De acordo com a agência Reuters, homens fortemente armados invadiram ontem o Parlamento depois de atacar o prédio com armas antiaéreas e granadas lançadas por foguetes. Há desencontro de informações a respeito da autoria dos ataques.
O ministro da Justiça, Salah Al Marghanisa, revelou que “desgraçadamente, incidentes deixaram dois mortos e 55 feridos”.
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Ontem, o coronel Mokhtar Fernana fez um pronunciamento em duas TVs líbias anunciando a suspensão do CGN (Congresso Geral Nacional), a mais alta autoridade do país, e anunciou que o grupo vai redigir uma nova constituição nacional, como informou a AFP.
Fernana disse ainda que as prerrogativas legislativas passarão à Assembleia Constituinte eleita em fevereiro e defendeu a manutenção do governo interino de Abdullah Al-Theni, que renunciou no último dia 14. Segundo o coronel, a ação “não tem por objetivo um golpe de Estado”.
O ministro da Justiça afirmou que o ataque ao Parlamento não tem relação com a ofensiva paramilitar que nos últimos dois dias que deixou 79 mortos na cidade de Bengazi.
Outras ações
No sábado (17/05), ações paramilitares comandadas pelo ex-general Khalifa Haftar mataram pelo menos 79 pessoas e deixaram 149 feridas em Bengazi, como informou o ministério da Saúde. O ex-general é acusado de ter planejado um golpe de Estado, em fevereiro, para “livrar” o país das milícias islâmicas.
Em entrevista a meios de comunicação locais, o ex-general afirma que a operação iniciada por ele na última quinta-feira (15), e batizada de “Dignidade”, tem como objetivo “limpar a Líbia dos terroristas”. “Começamos esta batalha e a levaremos em frente até atingirmos o nosso objetivo. O povo líbio está conosco”, declarou Haftar.
Hoje, uma base da Força Aérea da Líbia na cidade de Tobruk, leste do país, se uniu a Haftar. “A base da Força Aérea em Tobruk vai se unir ao Exército sob o comando do general Khalifa Qassim Haftar”, disse o comunicado publicado nas redes sociais.
A Líbia também prorrogou até 25 de maio o fechamento do aeroporto na cidade de Benghazi, a mais importante no leste do país. A área foi atacada durante a noite de hoje com foguetes Grad.