A coalizão de esquerda francesa Nova Frente Popular (NFP), que conquistou o maior número de assentos no Parlamento nas últimas eleições legislativas, anunciou nesta terça-feira (23/07) ter concordado em propor a economista Lucie Castets como candidata a primeira-ministra. No entanto, pouco após o comunicado, o presidente Emmanuel Macron rejeitou a indicação para o cargo sob a justificativa de que a NFP não tem a maioria para governar.
“A questão não é um nome, mas que maioria pode ser obtida na Assembleia Nacional (Câmara baixa) para que um governo da França possa aprovar reformas, um orçamento e fazer o país avançar”, disse o mandatário em entrevista à emissora pública France 2. “Ninguém venceu […] é falso dizer que a NFP teria maioria”.
Macron ainda garantiu que não nomearia um governo antes de meados de agosto.
“Evidentemente, até meados de agosto, temos que nos concentrar nos Jogos (Olímpicos) e, a partir de então, em função da evolução destas discussões, caberá a mim nomear um primeiro-ministro”, acrescentou.
As falas do presidente foram logo rebatidas pela aliança de esquerda. De acordo com o coordenador do França Insubmissa, Manuel Bompard, “ao se negar a convocar a NFP para formar um governo, Emmanuel Macron apaga o resultado das eleições legislativas”. O líder esquerdista também considerou a posição do mandatário “uma negação intolerável da democracia”.
Indicação de Lucie Castets
O nome de Lucie Castets foi levantado após 16 dias de negociações que quase implodiram a união da esquerda composta pelos socialistas, verdes, França Insubmissa e comunistas.
Em uma declaração conjunta, os quatro partidos explicaram que Castets é uma alta-funcionária envolvida na defesa de serviços públicos e que já trabalhou no combate à fraude fiscal e financeira. O texto também indica que a candidata está imersa “no combate de ideias contra a aposentadoria aos 64 anos”.
À agência AFP, a economista de 37 anos afirmou ter aceitado a proposta “com toda a humildade, mas com muita convicção”, e que se considera uma candidata “credível e séria”.
Suas principais prioridades incluem a “revogação da reforma da previdência de Emmanuel Macron”, uma “grande reforma tributária para que todos, indivíduos e multinacionais, paguem sua parte justa”, uma “melhoria no poder de compra” com o aumento de salários e benefícios sociais mínimos. bem como o “fim do retrocesso dos serviços públicos”.
(*) Com Ansa