O governo colombiano e o ELN (Exército de Libertação Nacional), a segunda maior guerrilha do país, estão mantendo conversas desde janeiro para instaurar uma mesa de diálogos e estabelecer a agenda de discussões para pôr fim ao conflito que dura mais de 50 anos no país. O anúncio, feito nesta terça-feira (10/06), ocorre mais de um ano após o início das negociações de paz com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e em meio à disputa eleitoral que tem no estabelecimento da paz o tema central.
Agência Efe
Anúncio do início das conversas foi feito pela ex-senadora Piedad Córdoba e pelo líder do Clamor Social pela Paz, Germán Roncancio
Os pontos que serão discutidos ainda não foram totalmente definidos. Por hora, as partes estão fazendo uma aproximação e os únicos temas esclarecidos são a inclusão das vítimas e a participação da sociedade nos diálogos que serão realizados.
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Para a ativista e ex-senadora Piedad Córdoba, o anúncio das conversas com o ELN é emblemático: “nunca a solução para o fim do conflito armado havia estado tão próxima, nunca havíamos tido a oportunidade de ter enfim um país em paz”, disse, no Twitter.
No comunicado divulgado pela guerrilha, as partes agradecem “Brasil, Chile, Cuba, Noruega, Bolívia e Venezuela pela ajuda ao processo de paz”. Não ficou claro, no entanto, se esses países atuarão como mediadores no diálogo com o ELN e tampouco, foi especificado em que país ocorrerão as conversas.
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Candidato à reeleição, Juan Manuel Santos fez dos diálogos de paz o principal tema de sua campanha. As conversas, que são realizadas em Havana com as FARC, são o principal ponto de discórdia entre ele e o opositor Óscar Iván Zuluaga, que venceu o primeiro turno da disputa e critica abertamente o processo conduzido pela atual gestão. O segundo turno das eleições colombianas será realizado no próximo domingo (15/06). As últimas pesquisas indicam que há um empate técnico entre ambos os candidatos.
Repercussão
O deputado pela União Patriótica (UP) Iván Cepeda afirmou que o “começo do processo de paz com o ELN pode conduzir a uma solução integral do conflito armado e para o estabelecimento da paz estável e duradoura na Colômbia” e ratificou apoio a Santos pela continuidade do processo.
“Definitivamente a solução do conflito armado pela paz da Colômbia está perto e é irreversível”, avaliou Piedad Córdoba, que tem um papel importante no estabelecimento deste diálogo.
Para o analista León Valencia, este anúncio é “uma vitória a mais” de Santos sobre Zuluaga. “É uma vitória política o início do diálogo com o ELN”, disse ao jornal colombiano El País.
O coordenador da Unidade Nacional de Vítimas Jorge Vásquez afirmou que este anúncio “é o resultado do que estávamos esperando há muitos anos”.
Até o momento, nem o ex-presidente e senador Álvaro Uribe, nem o candidato Zuluaga, comentaram a abertura das conversas.