Atualizada às 16h58
“Sem o apoio de vocês [deputados do Syriza] será difícil para mim continuar sendo premiê. Ou ficamos unidos nesta noite ou amanhã cai o governo de esquerda”. Desta forma, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, fez um chamado a seus correligionários para que aprovem o acordo que foi firmado por ele na segunda-feira (13/07) e que será votado ainda nesta quarta (15/07) pelo Parlamento grego. O apelo veio após 109 dos 200 integrantes do comitê central do Syriza assinarem uma declaração dizendo que “são incompatíveis com as ideias e princípios de esquerda e, sobretudo, com o que as classes mais pobres precisam”.
“Este acordo não pode ser aceito pelos militantes do partido”, destacam os signatários, que classificam o acordo como “golpe de Estado por parte de Bruxelas” e que tem como objetivo é o “extermínio exemplar de um povo que teve a ousadia de pensar que havia outra via possível além do modelo neoliberal da austeridade extrema”. Apesar de representar a posição majoritária dentro do comando do partido de esquerda, a expressão não se traduz automaticamente em votos, uma vez que nem todos os integrantes do comitê central são deputados.
Parlamentares
Em reunião realizada com os parlamentares do Syriza antes do início do debate no plenário, Tsipras pediu que fosse mantida a unidade do partido neste momento “histórico, difícil e crítico”, como disseram fontes do governo. O líder grego reafirmou que esgotou todas as possibilidades de negociação e que não havia alternativa senão o acordo com os credores.
Agência Efe
Tsipras e Zoe Konstantopoulou se cumprimentam antes de sessão; ela se recusou a presidir votação
A aprovação de um acordo até a meia-noite desta quarta não será uma tarefa fácil, apesar de uma pesquisa divulgada na noite desta terça (14/07) ter revelado que a maior parte dos gregos apoia o acordo com os credores e consideram que o governo não tinha outra opção. O Syriza, eleito para por fim à austeridade imposta ao país, rachou com relação ao apoio ao acordo.
A presidente do Parlamento e integrante do Syriza, Zoe Konstantopoulou, qualificou a assinatura do acordo como “capitulação” e se negou a presidir a sessão na noite desta quarta.
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Na mesma linha, a ministra adjunta de Finanças, Nadia Valavani, apresentou sua renúncia por não apoiar as condições vinculadas ao novo resgate. O secretário-geral de Seguridade Social, Yorgos Romanias, e o secretário-geral de Economia, Manos Manusakis, também renunciaram.
Até o momento, 17 dos 149 deputados do Syriza anunciaram que votarão contra o acordo.
O acordo também terá que ser aprovado pelos parlamentos dos demais países europeus. O primeiro a aprovar os termos do novo resgate grego foi o parlamento francês nesta quarta, por ampla maioria.
Atenas prometeu adotar uma série de medidas de austeridade e implementar reformas econômicas, apesar do governo de Alexis Tsipras ter prometido, quando foi eleito no início do ano, a não se curvar aos credores. Tsipras reconheceu ontem que o acordo é um texto que ele não acreditava, mas que o assinou para “evitar um desastre para o país”, já que a Grécia está à beira de um default. Na semana passada, a nação deu um calote de 1,6 bilhão de euros ao FMI.