O presidente venezuelano, Hugo Chávez, repudiou hoje (1/10) as ações de policiais e militares rebeldes contra o líder equatoriano, Rafael Correa, acusando o governo dos Estados Unidos pelas ações subversivas.
Ao deixar o Palácio San Martin, sede da Chancelaria argentina, onde ocorreu ao longo desta madrugada a reunião extraordinária da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), em Buenos Aires, Chávez opinou que, após a administração norte-americana ter “perdido o controle” do continente, “mantém uma conspiração permanente contra os países pertencentes à Aliança Bolivariana [dos Povos de Nossa América, Alba]”, que tem entre seus membros Equador, Bolívia, Honduras e Venezuela.
“Por trás desses grupos está o império, assim como por trás das forças políticas de direita do Equador. O mesmo ocorreu na Venezuela”, recordou o presidente, em referência à tentativa frustrada de golpe de Estado contra ele, em abril de 2002.
Para Chávez, citado pela emissora venezuelana Telesur, a ajuda norte-americana teria ocorrido por meio do financiamento, “com quantias milionárias”, de grupos subversivos com o objetivo de desestabilizar as nações que se opõem ao regime “imperialista”, principalmente “os países da democracia socialista”.
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Encontro
O líder venezuelano foi um dos presentes no encontro iniciado em caráter de urgência para tratar a tentativa de golpe contra o chefe de Estado equatoriano. Convocada pela presidente argentina, Cristina Kirchner, e por seu marido e atual secretário-geral da Unasul, Néstor Kirchner, a reunião contou com a participação do boliviano Evo Morales, o chileno Sebastián Piñera, o colombiano Juan Manuel Santos, o peruano Alan García e o uruguaio José Mujica.
Efe
Chávez ao deixar o Palácio San Martín em Buenos Aires
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Já o mandatário paraguaio, Fernando Lugo, não participou por motivos de saúdes. Antes, ambos acompanhavam as ações dos manifestantes equatorianos.
Distúrbios
O conflito foi iniciado por um grupo de policiais e militares que tentaram tomar o controle de algumas cidades do país. Eles protestavam contra o projeto de lei que, entre outros pontos, eliminaria reconhecimentos econômicos concedidos aos efetivos, além de derrogar a entrega de medalhas, distinções, aneis e outros benefícios materiais.
Um dia antes, a chamada Lei Orgânica do Serviço Público, composta de 14 artigos, havia sido aprovada pela Assembleia Nacional (Congresso), sem o veto proposto pelo presidente. O tema voltaria à discussão na quinta-feira.
Devido à tal posição, enfrentando oposição de legisladores governistas, Correa planejava aplicar naquele momento a “morte cruzada” do Parlamento, mecanismo que permitiria a dissolução da casa e a convocação de novas eleições gerais, mas a estratégia se viu alterada com a nova crise.
Para Correa, que foi agredido e “sequestrado” ao tentar negociar, os agentes rebeldes foram “enganados” pela oposição. “Ninguém fez mais pela polícia, ninguém melhorou tanto o salário deles. Quando vi tanta agressividade, me senti profundamente triste, como uma punhalada no peito”, disse ele após ser resgatado e retirado do Hospital Policial, em Quito, onde era mantido desde a tarde de ontem.
Diretamente, ele acusou o ex-presidente Lucio Gutiérrez (2003-2005) de participar do conflito. Este, por sua vez, negou qualquer ação contra a democracia.
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Logo após o início da rebelião policial, países da América Latina e do mundo condenaram a tentativa de golpe e anunciaram seu respaldo ao mandatário equatoriano. Da mesma forma, organismos multilaterais, como a OEA (Organização dos Estados Americanos) e, posteriormente, a Unasul, também expressaram mensagens de repúdio à ação desestabilizadora. O Equador decretou na tarde de ontem Estado de Exceção por um período de cinco dias.
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