O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (12/08) que vai enviar tropas ao aeroporto da capital do Afeganistão, Cabul, para proteger e auxiliar na evacuação de funcionários da embaixada norte-americana no país. O anúncio foi feito pelo porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, que afirmou que a sede diplomática do país no Afeganistão vai permanecer aberta.
A decisão ocorre horas depois do grupo armado Talibã ter conquistado a capital provinciana de Herat, cuja cidade de mesmo nome é a terceira mais populosa do país, com cerca de 440 mil habitantes. A informação foi confirmada por moradores e jornalistas locais à emissora Al Jazeera, totalizando 12 capitais conquistadas até o momento, das 34 existentes no país.
Herat fica no oeste do território afegão, cerca de 150 km da fronteira com o Turcomenistão e com o Irã. É a terceira conquista do grupo em 24 horas. Mais cedo nesta quinta-feira a capital provinciana e cidade de Kandahar, segunda mais populosa do país, com quase meio milhão de habitantes, também havia sido capturada, informação divulgada pelo próprio grupo nas redes sociais. Também nesta quinta, o Talibã conquistou a cidade de Ghazni, capital da província homônima, localizada a 150 quilômetros da capital do país, Cabul.
“Eles tomaram o controle de áreas-chave da cidade: o gabinete do governador, o quartel general da polícia e a prisão. Mas, em algumas áreas, ainda há combates”, disse mais cedo o chefe do conselho provincial de Ghazni, Nasir Ahmad Faqiri.
A emissora Al Jazeera informou que o governador da província foi preso em Wardak pelas forças oficiais de Cabul porque teria feito um acordo com o Talibã, “entregando a cidade em troca de uma saída segura” da região. “O governador decidiu fazer um acordo com o Talibã para sair em segurança e nós entendemos que a cidade foi dada para eles. [Ele] foi preso por se entregar sem lutar”, acrescentou a emissora segundo fontes locais.
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Grupo conquistou a cidade de Ghazni, que fica localizada a 150 km da capital nacional Cabul
Ainda nesta quinta-feira, um comunicado do site da embaixada norte-americana pediu que os cidadãos dos EUA deixassem o Afeganistão “imediatamente usando as opções de voos comerciais disponíveis”. “Dadas as condições de segurança e o número reduzido de funcionários, a capacidade da embaixada de ajudar os cidadãos norte-americanos no Afeganistão é extremamente limitada, mesmo dentro de Cabul”, pontuou a nota.
Atuação dos Estados Unidos na região
No início de 2019, o então presidente Donald Trump fechou um acordo para retirar tropas norte-americanas do Afeganistão, que estavam mobilizadas no país após uma invasão em 2001 sob a justificativa de combater “focos terroristas” após o atentado contra o World Trade Center, em 11 de setembro daquele ano.
O atual mandatário, Joe Biden, decidiu manter o pacto e anunciou a retirada dos soldados. Em entrevista recente, o democrata disse que “não se arrepende” da decisão porque os EUA treinaram os militares locais e que era hora da política “se unir” para derrotar o Talibã. Porém, uma fonte da Casa Branca informou que Cabul deve ser dominada pelo grupo “em até 90 dias”.
Por sua vez, o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, acusou a saída “abrupta” dos norte-americanos como a principal causa do avanço dos grupos. O governo do Paquistão, que está na fronteira, também acusa os EUA de deixar “uma bagunça” após 20 anos de ocupação.
De acordo com fontes políticas ouvidas pela AFP e pela Al Jazeera, os negociadores de Cabul propuseram o “compartilhamento” de poder em troca do fim da violência no país. A ideia é que o Catar seja o mediador das negociações, mas ainda não há resposta dos líderes do Talibã.
(*) Com Ansa.