Após ter sido forçado a fugir de manifestantes enfurecidos, o presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, anunciou neste sábado (09/07) que vai renunciar ao cargo no próximo dia 13 de julho.
No poder desde novembro de 2019, Rajapaksa é acusado de ser o principal responsável pela pior crise econômica na história do país asiático desde sua independência do Reino Unido, em 1948, com inflação galopante, blecautes recorrentes e escassez de combustíveis e itens alimentares.
“Para garantir uma transição pacífica, o presidente disse que vai se afastar em 13 de julho”, disse o mandatário do Parlamento cingalês, Mahinda Abeywardena.
No início do dia, Abeywardana disse que informou Rajapaksa sobre as decisões tomadas em reunião de emergência deste sábado entre líderes do partido, convocada em resposta aos protestos em massa que tomaram conta de Colombo, conforme noticiado pela mídia local.
Em carta enviada, o presidente do Parlamento pediu a renúncia imediata de Rajapaksa e do primeiro-ministro, Ranil Wickremesinghe, e afirmou que convocou os parlamentares a nomear um presidente interino dentro de 7 dias.
Rajapaksa está escondido em um local secreto desde a manhã deste sábado, quando manifestantes invadiram o palácio presidencial em Colombo para protestar contra a crise econômica.
Vídeos transmitidos nas redes sociais mostram centenas de pessoas caminhando pelos cômodos do edifício e até pulando na piscina do complexo.
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Presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa está no poder desde novembro de 2019
Militares e policiais tentaram impedir a invasão dos edifícios, mas não conseguiram, e os manifestantes arrombaram os portões dos prédios do governo. Além da residência presidencial, eles entraram na secretaria presidencial e no Ministério das Finanças.
Já o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe, que está no cargo há apenas dois meses, teve sua casa particular incendiada por manifestantes e disse que está disposto a renunciar para abrir caminho para a formação de um governo de união nacional que aplaque a crise política.
Em maio, a repressão a protestos contra o establishment já havia deixado nove mortos no Sri Lanka, forçando a renúncia do premiê Mahinda Rajapaksa, irmão do atual presidente.
O Sri Lanka vive uma das piores crises econômicas após sua independência, em 1948. Atualmente, a dívida externa do país está estimada em US$ 51 bilhões (R$ 268 bilhões).
Desde a pandemia de coronavírus, com impactos no setor de turismo, importante fonte de receitas, o governo do Sri Lanka foi perdendo a capacidade de importar combustíveis.
Além disso, há escassez de alimentos, medicamentos e gás, entre outras necessidades básicas. Muitas regiões do país têm enfrentado ainda constantes quedas de energia.
(*) Com Ansa e SputnikNews.