O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, foi a Cartum nesta sexta-feira (07/06) para tentar mediar a crise política no Sudão. A visita acontece após a União Africana (UA) suspender os sudaneses da organização.
Ahmed se encontrou separadamente com o conselho militar, comandado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e com os representantes da Aliança para a Liberdade e Mudança, movimento ligado aos manifestantes.
Segundo o governo etíope, a visita ao Sudão tem o “compromisso de fomentar a paz na região” e que, para estabelecer a paz, é necessário “unidade” entre as lideranças.
A viagem de Ahmed acontece um dia após a União Africana suspender o Sudão da organização. O Conselho de Paz e Segurança da UA tomou a decisão após a onda de violência que deixou mais de 100 mortos na repressão militar contra os manifestantes.
“O Conselho de Paz e Segurança, com efeito imediato, suspendeu a participação da República do Sudão de todas as atividades da UA até o estabelecimento efetivo de uma autoridade transitória liderada por civis, como a única forma de permitir que o Sudão saia da crise atual”.
A UA concluiu que a decisão vai continuar em vigor até a formação da transição.
Organização das Nações Unidas
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Antonio Guterres, condenou o ataque contra manifestantes em Cartum que deixou mais de 100 mortos. Ele disse que quer uma investigação independente sobre as mortes.
O Escritório da ONU para assuntos de Direitos Humanos manifestou “preocupação com a situação do país”.
Governo Militar
Após a queda do ex-presidente Omar al-Bashir em 11 de abril, que foi deposto do cargo depois três décadas na presidência, os militares estão no poder em uma “transição” que, dizem, vai durar dois anos.
No dia seguinte da saída de al-Bashir, o vice-presidente Awad Mohamed Ahmed Ibn Auf, renunciou o cargo. Ele tinha sido designado a liderar a “transição”. O lugar foi ocupado pelo general Abdel Fattah al-Burhan.
Manifestantes tomaram as ruas desde a queda de al-Bashir para pedir que os militares saíssem do poder e que entrasse um governo civil. A Aliança para a Liberdade e Mudança convocou em 28 de maio uma greve geral para exigir a troca de direção sudanesa.
Até o momento, as negociações entre o Conselho Militar e a Aliança para formar um mandato civil no país fracassaram.
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Abiy Ahmed se encontrou com o general Abdel Fattah al-Burhan na tentativa de mediar a crise no Sudão.