Familiares e pessoas próximas à fundadora das Avós da Praça de Maio María Isabel Chorobik de Mariani, conhecida como Chicha, estão preocupados pela saúde da avó que ao longo dos últimos 39 anos tem procurado pela neta desaparecida durante a última ditadura militar (1976-1983). “Ela está muito triste e sentida”, afirmou o advogado, colaborador e biógrafo de Chicha, Juan Martín Ramos Padilla, neste sábado (26/12) durante entrevista coletiva concedida à imprensa.
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Reprodução/ Facebook
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De acordo com Padilla, apesar das especulações que tomaram conta do país, não houve má fé no caso e sim uma falha na comunicação, ocorrida por pessoas próximas a Chicha que informaram de maneira apressada o suposto aparecimento “porque se deixaram levar pelas emoções, pela vontade de transmitir uma boa notícia”.
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Marco Teruggi, primo de Anahí, que publicara diversas fotos do suposto reencontro, postou em seu Facebook uma foto para ressaltar que segue na luta para encontrar Clara:
La única lucha que se pierde es la que se abandona.
Posted by Marco Teruggi on sábado, 26 de diciembre de 2015
Padilla esclareceu que esteva com Chicha momentos antes do encontro com a imprensa e que ela pediu que agradecesse os carinhos transmitidos e que ressaltasse que ela seguirá buscando a neta com a mesma força de antes.
De acordo com o advogado, será realizada uma investigação para definir os responsáveis e as instituições envolvidas na confusão.
Wherli já havia realizado um exame em 25 de junho deste ano para comprovar o parentesco com Chicha, mas o resultado fora negativo. Ela omitiu tal dado quando chegou diante dos supostos familiares com o exame que dava 99,9% de chance de ela ser Clara Anahí.
O promotor responsável pela busca de Clara, Pablo Parenti, em entrevista à rádio América, disse que “foi um duro golpe para Chicha. Tem 92 anos e segue buscando ativamente [a neta]. À desilusão de não encontrar sua neta se soma isso. Esperamos poder encontrar essa neta”.
Parenti esclareceu que os dados de Wehrli foram comparados com todas as famílias que estão no banco de dados do Estado e ela não é neta de nenhuma família de desaparecidos.
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Protocolo
Diante do ocorrido e à desilusão à que a família foi submetida, autoridades argentinas ressaltaram que o banco de dados genéticos do Estado é o único órgão habilitado legalmente para estabelecer a identidade nesses casos.
Além disso, Parenti, em nota, ressaltou a importância de seguir os passos estabelecidos na lei para a identificação dos netos desaparecidos.
Chicha rompeu com a Associação das Avós da Praça de Maio no final dos anos 1980 e criou a sua própria instituição, a Fundação Anahí, em homenagem à neta. Por essa razão, o anúncio do suposto encontro não foi dado pelas Avós da Praça de Maio e sim pela fundação de Chicha.