Nova surpresa nas eleições presidenciais da Argentina! Esperava-se um primeiro turno que consolidasse a liderança do candidato de extrema direita Javier Milei, mas o resultado deste domingo (22/10) mostrou uma virada impressionante do peronismo, que conseguiu se impor mesmo diante de uma crise econômica enfrentada pela atual administração peronista, encabeçada por Alberto Fernández.
Com 92% dos votos computados, o governista Sergio Massa aparece com 36,6% dos votos válidos. O atual ministro da Economia e candidato da coalizão peronista União Pela Pátria (centro-esquerda), disputará o segundo turno contra Milei, do partido ultraliberal A Liberdade Avança, que obteve 30,2%.
Entre os demais três candidatos, a conservadora Patricia Bullrich, do partido Proposta Republicana (PRO) e aliada do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), ficou com 23,8%, o nacionalista Juan Schiaretti (Frente Fazemos Nosso País) angariou 6,9% e a trabalhista Myriam Bregman (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores) reuniu 2,7%.
O efeito surpresa, assim, seria o inverso do que se produziu nas primárias, realizadas em 13 de agosto, quando as pesquisas indicavam Massa como favorito, mas o ganhador acabou sendo Milei, que obteve 29,9%, enquanto o peronista reuniu 21.4%.
A eleição decisiva entre essas duas forças ocorrerá dentro de quatro semanas, no dia 19 de novembro.
Milei acusa fraude
Ainda durante a tarde, a equipe de Milei começou a veicular denúncias de fraude, enquanto as urnas ainda estavam abertas e havia gente votando.
União pela Pátria
Peronista Sergio Massa foi o mais votado no primeiro turno eleitoral na Argentina
Segundo o diário Página/12, os sites ligados à campanha e Milei, ao seu partido A Liberdade Avança e a organizações que apoiam sua candidatura habilitaram uma seção para “receber denúncias anônimas de fraude”.
Também durante a tarde, por volta das 18h, a Câmara Nacional Eleitoral da Argentina emitiu um comunicado dizendo não seriam aceitas denúncias por irregularidades ou delitos eleitorais que fossem feitos de forma anônima.
Essa decisão das autoridades eleitorais fez com que os partidários de Milei, em seu quartel-general de campanha, passassem a ventilar as acusações de fraude em entrevistas para meios de imprensa locais, por volta das 20h30 – quando ainda não havia resultados parciais da apuração, apenas números das pesquisas de boca de urna, mas cujos números mostravam um cenário muito parecido ao que se configurou ao final da contagem dos votos.
Vale recordar que a estratégia de usar denúncias prévias de fraude foi usada por candidatos de extrema direita em outros países, em anos anteriores, como foram os casos de Donald Trump nos Estados Unidos, em 2020, e de Jair Bolsonaro no Brasil, em 2022.
Curiosamente, o quartel-general de campanha de Milei contava com uma presença ligada a essas duas figuras: o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro (2019-2022), e ligado não só a Trump como também ao empresário Steve Bannon, um dos principais ideólogos da extrema-direita norte-americana na atualidade.
Com informações de Página/12 e Télam.