Em sua primeira aparição pública após a vitória eleitoral no último domingo (27/10), o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, compareceu nesta terça-feira (29/10) à província de Tucumán, onde se encontrou com o governador Juan Manzur e garantiu, durante discurso, que o país não conseguirá avançar se continuar cortando direitos dos trabalhadores.
“As sociedades que avançam são as que desenvolvem conhecimento. Não conheço nenhuma sociedade que se faça forte cortando direitos, que progrida se priva de direitos os que trabalham”, afirmou o novo mandatário argentino a uma plateia formada por parlamentares peronistas e sindicalistas no teatro Mercedes Sosa.
Fernández ainda destacou que nos últimos quatro anos, durante o governo de Macri, “insistem em dizer que para Argentina progredir tem que se cortar direitos”. “Temos que garantir todos esses direitos, […] porque o maior dano que foi feito neste tempo foi condenar à pobreza um a cada quatro argentinos”, afirmou.
FORTALEÇA O JORNALISMO INDEPENDENTE: ASSINE OPERA MUNDI
O peronista, que assume a presidência no próximo dia 10 de dezembro, também falou sobre políticas educacionais e garantiu que voltará “a por em funcionamento a educação pública, mal tratada durante esses anos, […] porque uma sociedade que se esquece de educar se esquece de fortalecer os homens do futuro”.
Reprodução
Presidente eleito compareceu a Tucumán e discursou para uma plateia formada por parlamentares peronistas e sindicalistas
Eleição
A vitória da chapa Fernández-Cristina representa o retorno dos peronistas ao poder e o fim do governo neoliberal de Mauricio Macri, mandatário que, desde 2015, protagonizou um mandato marcado por profunda crise social e econômica.
Com 97,13% das urnas apuradas, Fernández aparece com 48,10% dos votos, contra 40,37% de Macri. A lei eleitoral da Argentina prevê vitória em primeiro turno se algum candidato alcançar 45% dos votos, ou se conquiste mais de 40% abrindo uma vantagem de 10 pontos percentuais do segundo colocado.
Considerado um peronista moderado, Alberto Fernández é advogado e professor do Departamento de Direito Penal e Processo Penal da Universidade de Buenos Aires, na capital da Argentina. Durante a carreira acadêmica, o presidente eleito da Argentina publicou, em colaboração com outros autores, quatro livros sobre o mundo do direito criminal e penal.
ELEIÇÕES NA ARGENTINA: COBERTURA COMPLETA
Fernández havia participado somente de uma eleição em 2000, quando disputou uma vaga no legislativo de Buenos Aires. Na política, Fernández é conhecido como flexível. Foi subdiretor-geral no ministério de Raúl Alfonsín (presidente entre 1983 e 1989), tesoureiro da campanha de Eduardo Duhalde (presidente de 2002 a 2003) até chegar à chefia da campanha de Néstor Kirchner.
O peronista ainda foi Chefe de Gabinete de Néstor por quatro anos, de 2003 a 2007. Com a vitória de Cristina, Fernández permaneceu por mais um ano no gabinete. O argentino renunciou ao cargo em 2008 após conflitos com a ex-presidente e desde então não exerceu mais atividades políticas.