Um ataque cibernético que atingiu o Banco da Venezuela no dia 15 de setembro, desabilitando todos os serviços da estatal durante uma semana, partiu dos Estados Unidos, segundo declarou a vice-presidente venezuelana Delcy Rodríguez nesta quarta-feira (22/09).
O atentado afetou o sistema central do maior banco do país, que conta com 14 milhões de usuários ativos. Os serviços foram restabelecidos na última terça-feira (21/09) e, de acordo com Rodríguez, apesar de estar fora do ar, 90% das operações realizadas na plataforma bancária desde o dia 15 de setembro foram registradas.
“No dia 15 de setembro, que é um dia de pagamento na Venezuela, um golpe muito nobre foi dirigido aos usuários do banco, ao sistema financeiro, pretendendo atrapalhar o rumo que estamos fazendo na economia 100% digital”, disse a vice-presidente.
A pane no Banco da Venezuela aconteceu duas semanas antes de ser implementada a nova reforma econômica, com a reconversão monetária do Bolívar Soberano em Bolívar Digital.
Para Rodríguez, “não é casual que esse ataque aconteça contra a maior entidade bancária nacional”, que é o meio que os venezuelanos “recebem seus bônus, e a pouco tempo de implementarmos o Bolívar Digital”.
Ela afirmou ainda que os ataques foram realizados por computadores com IPs (espécie de endereço digital de dispositivos conectados na internet) dos Estados Unidos.
Por questão de segurança, o sistema suspendeu todos os acessos públicos à plataforma bancária, iniciando um processo de recuperação de dados que durou 130 horas para reforçar os mecanismos de segurança e armazenamento.
ViceVenezuela/Twitter
Para Delcy Rodríguez, ‘não é casual que esse ataque aconteça contra a maior entidade bancária nacional’
“Há evidências que não foram apresentadas à opinião pública para não desestabilizar a investigação, mas serão apresentadas nos próximos dias”, declarou.
Rodríguez afirmou também que o ataque coincidiu com as reuniões que o presidente da Colômbia, Iván Duque, manteve com o chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, Craig Faller, e com o foragido da Justiça venezuelana Leopoldo López.
Por sua vez, a ministra da Ciência e Tecnologia da Venezuela, Gabriela Jiménez, acrescentou que o atentado contra o banco persiste, pois os agressores procuram uma brecha que lhes permita danificar a plataforma informática.
No entanto, garantiu que os trabalhadores da entidade conseguiram resguardar a segurança do banco e estão atentos às tentativas de tornar o sistema vulnerável.
A vice-presidente venezuelana ainda afirmou que foi formada uma comissão especial para investigar o caso, mas que o Banco da Venezuela já está completamente ativo, realizando 4.200 operações por segundo e com cerca de 70 mil usuários simultâneos na plataforma.
A partir de 1º de outubro será implementada a nova moeda nacional venezuelana com seis casas decimais a menos que o atual Bolívar Soberano. A mudança busca avançar na digitalização da economia venezuelana e conter a hiperinflação, que acumula 470% somente em 2021.
(*) Com Brasil de Fato e TeleSur.