O Conselho dos Guardiães, encarregado de validar as eleições iranianas, vai recontar os votos de 10% das urnas do pleito do último dia 12, denunciado como fraudulento pela oposição após o presidente Mahmoud Ahmadinejad vencer com 64% dos votos.
“Embora o Conselho dos Guardiães não seja legalmente obrigado, estamos dispostos a recontar 10% das urnas ao acaso, na presença de representantes dos três candidatos derrotados”, disse à TV estatal o porta-voz do conselho, Abbas Ali Kadkhodaei. Segundo o funcionário, o resultado definitivo será anunciado na quarta-feira.
Hoje (20), os três candidatos derrotados na eleição compareceriam a uma reunião extraordinária do Conselho dos Guardiães para analisar as 646 denúncias de fraude apresentadas às autoridades. No entanto, nenhum dos dois candidatos reformistas (Mir Hussein Mousavi e Mehdi Karroubi) participou da sessão. Apenas o conservador Mohsen Rezaei esteve presente.
Ontem à noite, Kadkhodaei afirmou que os candidatos foram chamados para que expressassem suas opiniões e levassem suas queixas aos 12 membros do conselho antes de uma decisão final. O porta-voz disse ainda que o órgão, integrado por seis clérigos e seis juristas, já começou a examinar algumas queixas apresentadas por Mousavi, Karroubi e Rezaei.
Entre elas, estão a presença de lacres defeituosos em algumas urnas, a falta de cédulas em vários colégios eleitorais, a compra de votos e o desvio do itinerário de algumas das 13 mil urnas móveis que viajaram pelas áreas rurais, onde o presidente Mahmoud Ahmadinejad assegurou sua vitória. Em 30 anos de existência, o Conselho dos Guardiães nunca anulou um processo eleitoral.
Atentado
O autor de um atentado a bomba se matou e deixou pelo menos um morto e oito feridos hoje, perto do mausoléu do aiatolá Khomeini, no sul de Teerã. Segundo a emissora PressTV, por volta das 17h (hora local), um homem detonou um explosivo na parte norte do santuário, local de peregrinação de fiéis xiitas. Os feridos foram levados para hospitais da região.
Desde a eleição, pelo menos oito pessoas morreram no país em confrontos. Forças de segurança tiveram os efetivos aumentados nas ruas da capital para prevenir mais ataques, um dia depois que o aiatolá Ali Khamenei pediu o fim dos protestos.
Manifestação cancelada
A Associação de Clérigos Combatentes, que apoia Mir Hussein Mousavi, cancelou manifestação prevista para hoje, “devido ao fato de não ter obtido a autorização necessária”.
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