A ativista paquistanesa Malala Yusufzai foi transferida nesta quinta-feira (11/10) para outro hospital, na cidade de Rawalpindi, próxima à capital Islamabad, de acordo com fontes oficiais. Nesta terça-feira (09), a jovem de 14 anos sofreu uma tentativa de assassinato de um grupo talibã e corre risco de morte. O ataque à menina gerou pequenos protestos nas principais cidades do país,e um maior está agendado para sábado na cidade natal de Malala, Mingora. As informações são da agência de notícias France Presse e da rede estatal britânica BBC.
“Ela ainda não está fora de perigo, apesar da melhora de seu estado de saúde. Estamos levando-a a Rawalpindi”, declarou Masood Kausar, governador da província de Khiber Pajtunkhwa (noroeste do país), local onde a adolescente foi atacada por combatentes talibãs, que a juraram de morte por suas declarações críticas ao grupo. Ela estava sendo atendida em Peshawar, cidade ao noroeste do país.
Segundo um dos médicos que tratou a garota, seu estado de saúde melhorou. “O estado de saúde de Malala é bem melhor hoje do que era na terça-feira. Encontra-se em um estado estável”, afirmou o médico Mumtaz Khan. Seu estado de saúde chegou a ser crítico, pois foi alvejada com uma bala no crânio. Não há certeza se a bala na cabeça chegou a atingir o cérebro. Outra bala, no ombro, já foi retirada. “Há cerca de 70% de probabilidades de que ela sobreviva”, considerou Khan.
O caso
Malala foi atacada por membros do TTP (sigla em inglês para Movimento dos Talibãs no Paquistão), aliado da Al-Qaeda, em Mingora, a principal cidade do vale do Swat que o exército tirou do controle do grupo rebelde islâmico em 2009. Outros dois estudantes foram feridos.
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“Eles estão verificando se há melhores instalações no Reino Unido ou em Dubai ou em outro país. Depois decidirão se deve receber tratamento no exterior ou aqui”, disse Mehmoodul Hassan, um dos parentes da vítima.
Malala possuium blog em urdu no site da BBC desde 2009, quando, com apenas 12 anos denunciava os atos de violência cometidos pelos talibãs. Na época ela comentava os impactos na comunidade das medidas do Talebã, que naquele ano havia fechado mais de 150 escolas para meninas, e explodido outras cinco no vale de Swat.
O clima já era tenso na época e havia uma ameaça constante de que escolas de meninas pudessem ser alvo de ataques. Malala relatava na época que muitas de suas colegas haviam se mudado com suas famílias para cidades maiores como Lahore, Peshawar e Rawalpindi.
No ano passado, ela recebeu o primeiro Prêmio Nacional da Paz criado pelo governo paquistanês.
O Talibã reivindicou a autoria do atentado. “Malala foi alvo por seu papel pioneiro na defesa da laicidade e da chamada ‘moderação’”, escreveu em um e-mail enviado à AFP o porta-voz do TTP Ihsanullah Ihsan.
“O TTP não acredita em ataques específicos contra as mulheres, mas qualquer pessoa que dirige uma campanha contra o islã e a sharia (lei islâmica) deve ser morta”, disse, acrescentando que a pouca idade de Malala Yousufzai não era uma razão para a clemência.
O presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, disse que o ataque contra Malala não afetará a luta do país contra os militantes islâmicos e em favor da educação feminina. O governo também ofereceu uma recompensa do equivalente a cerca de 200 mil reais por quem oferecer pistas sobre os agressores de Malala.
Os deputados paquistaneses suspenderam os trabalhos nesta quarta-feira para condenar o ataque e rezar pela recuperação rápida da menina que “é um modelo para todo o país”, ressaltou o ministro das Relações Exteriores, Hina Rabbani Khar.
O líder do Exército paquistanês, o general Ashfaq Kayani, visitou o hospital e pediu reforços na luta contra o terrorismo.
Já o diretor do Comitê Independente de Direitos Humanos do Paquistão, Zohra Yusuf, disse que “esse trágico ataque contra uma criança tão corajosa” envia uma mensagem assustadora para todos que lutam para as mulheres e meninas paquistanesas.
(*) com agências de notícias internacionais